Talentos

Vida Forte

VIDA FORTE
Dona morte astuta vê meu corpo
Atento, fico à luz; me escondo
Longa foice afiada cai; eu tonto
Imagino a cena: sou eu morto

Embora vigilante, não importa
Numa data futura a foice corta
Ainda vou lograr triste caveira
Faço duplo feitiço, véu de poeira

As religiões dizem vencer o fim
Mas acredito em mim, sagaz ciência
Com prática paciência traço plano

Faço breve aliança com a sorte
Ludibriarei a morte: sou defunto
Fingindo-me presunto; vida forte!

Compartilhe essa obra

Share Share Share Share Share
Inspiração

O tema da morte é as vezes proibido mas sempre difícil. Constatei que este evento faz parte de nosso dia a dia. Então falar dele é também motivo de poesia.

Sobre a obra

O personagem faz suposições acerca da morte e imagina maneiras de enganá-la no inevitável momento em que ela fatalmente virá. Construí um soneto petrarquiano, buscando ritmo com rimas internas.

Sobre o autor

Escrevo com a sensação de ser artista. Ao longo da vida fui mais leitor que escritor até perceber que tinha material suficiente para criar. É na admiração das qualidades do outro que sustento minha poesia.

Autor(a): EDUARDO KANAAN DA SILVA ()

APCEF/RS