Talentos

PELO SINAL

MINHA HISTÓRIA

AQUELA CASA sem reboco, ladeada por dois coqueiros, rodeada de alpendre com alguns cortiços de abelhas, cercada de aveloz, antes da porteira e bem no pé da ladeira, foi lá que João nasceu.

João é empregado da CAIXA. É natural de Mamanguape, no litoral da Paraíba. Na verdade ele não é de Mamanguape, é de Cuité, um antigo distrito, hoje micro cidade. Ele ainda não é de Cuité, é de Lagoa de Félix, um vilarejo que é intersecção de quatro municípios, dentre eles Mamanguape. Mas ele ainda não é de Lagoa de Félix, ele é mesmo de Pelo Sinal, um lugarejo mais afastado, separado de Lagoa do Félix por uma ladeira, uma porteira e uma cerca de aveloz. Ali é o seu lugar.

Quando “seu” Tomé, seu pai, chegou lá pela primeira vez, ninguém ali habitava. Ninguém ainda existia. Alguns amigos questionam como que alguém nascido em Pelo Sinal, abriu a porteira, subiu a ladeira e passou por Lagoa do Félix. Atravessou vales e montanhas, ultrapassou Cuité e trabalhou na CAIXA de Mamanguape. Outros amigos que lhe são oposição, dizem não acreditar, porque Pelo Sinal não seria capaz de brotar algo que prestasse. Puro folclore!

Seu Tomé ficou na encruzilhada, sentado na calçada alta da Venda de Mandin esperando uma condução passar. Poderia ter registrado o garoto em quaisquer dos 04 municípios. Foi radicado em Mamanguape porque o único carro que transportava fiado, seguia para lá.

Quando João tinha dez anos, seu Tomé lá estava novamente na calçada da antiga Venda de Mandin, que já tinha sido elevada à categoria de Bodega, esperando um transporte passar, e levando seu filho para estudar. Não sabia ele que além da cidade, estava aproximando-o da CAIXA, abrindo as portas do futuro e das oportunidades.

João estudou em Pelo Sinal, saiu de lá e estudou mais ainda. Trabalhou no comercio, foi Servidor Público, nos Correios, no INSS, e foi ser empregado da CAIXA. Seu Tomé foi subtraído da vida sem ver seu filho ser gerente da CAIXA da cidade onde nasceu. Mas também seu Tomé nunca se preocupou em formar gerentes. Com essas coisas a CAIXA é quem gosta de se preocupar. Como todo homem superior, Seu Tomé buscou incansavelmente foi formar cidadãos.

Saibam que se seu Tomé não tivesse feito João chegar à CAIXA, mesmo assim a CAIXA teria ido a Pelo Sinal o encontrar.
No primeiro dia de gerente na CAIXA, João encontrou seu Lourival, um amigo de seu pai, de Lagoa do Félix, que ainda reside lá. Porque a CAIXA está na vida de cada brasileiro como seu Lourival, que tem uma poupança, PIS e recebe os benefícios sociais do governo para a educação, o sustento e o lazer de João Marcos, seu filho, que batizou em homenagem ao outro João quem um dia saiu de lá.

Se alguém resolver visitar a Bodega de Mandin, saiba que não vai mais encontrar. De Venda, Bodega e Botequim, já virou Barracão, Armazém e Bar. Mas a encruzilhada e a calçada, cada dia mais alta, estas ainda estão lá. Vai dar de cara com seu Lourival, que logo cedo vai estar sentado na calçada do Supermercado de Mandin, esperando um carro que transporte fiado, por ali passar. Vai realizar os sonhos de João Marcos:
- Ir à cidade de Mamanguape;
- Visitar a Igreja Matriz e ver o povo confessar;
- Receber o benefício social;
- Ir a Casa do Imperador;
- Conhecer a agência da CAIXA; e

Quem sabe, um dia também trabalhar lá!






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Inspiração

MOSTRAR QUE TUDO É POSSÍVEL QUANDO SE SONHA.

Sobre a obra

UM CONTO DA VIDA REAL COM DESAFIOS E CONQUISTAS

Sobre o autor

APRENDI COM MEU PAI A TRANSFORMAR A DURA REALIDADE EM CONTOS ÁS VEZES RISÍVEIS

Autor(a): MOACYR RIBEIRO JUNIOR ()

APCEF/PB