Talentos

Sinistro

Sinistro

Seres estranhos que desintoxicam a terra
Fazem a poesia surtar na atmosfera ao mesmo tempo que coletam dados que as pessoas desprezam
Pensam que eternamente vivem na ilha bela mas não querem domesticar a fera
Dar a opinião diferente da sua é motivo de xilique e agulhas na bunda
Suuurrrra, suurrra moral, que mente absurda
Tipo a tendinite das coisas que te dão xilique, esforço repetitivo pra quem se acha digno
De merecer homenagem em safada letra de rap que te enlouquece, tipo um mantra que repete a suavidade tipo bola de neve
Acumulada na calada e na descida empina e soca tua raiva,olha quem diria
Que sobreviveriam pra ver o amor banalizar, os braços descruzar, a ira aumentar e tudo explodir sem nada explicar
A magia que surge do tédio, a pá furtada do cemitério,o rosto que decifra o mistério
Uma pesquisa na net e todos serão descobertos, digite o meu nome por inteiro, é tudo instituição
Errrrou! Não é assim que me segue na emoção, documentos que valerão um bilhão
Mania de grandeza, não senhor, é a lei da sobrevivência
É a ditadura da beleza
Um sorriso é vendido em formato pra aplicativo, me toque, me toque e terás um mundo novinho
Aqui ainda sou de modo antigo, escrevo rascunhos, e rabisco, rabisco, rebobino
Nossa! A base de fita ainda?
Aquele bando de extraterrenos rodearam o jardim suspenso, com suas garras desabotoaram farpas trocadas
Rasgaram manifestos que mais pareciam pesadelos
Cavou a fundo, a terra soterrando os pés sedentos de saciar a sede por linchamento
Tudo é motivo pra descarregar no próximo, câmeras vigiando era óbvio
O jantar fino, enquanto no muro de fora as sondas se aproximavam, vai surgir o zumbi num estalo, provocado
Pela explosão dos hipnotizados que cansaram de ser massa de manobra
Saltaram as máscaras fora, agora tá invadida essa porra, quero ver quem é escravo da paranóia
Cercaram as redondezas, não me venha com troca de gentilezas, aqui a base das ofensas é direito a duvidar e mesmo assim não ter certeza
Progresso a base de lesma, então vamos apoderar essa trairagem, tomar decisões, engrenar a máquina sem o seu saber
Não vamos mais nos conter, deixa o sangue ferver, a lenha descer, que essa noite o bloco acordou e na ladeira vem que vem
Assim que a rapa é maluca, tu chega chegando vai falar que ninguém te atura, conselho de madrugada é grana pro culto abençoado na catacumba
Chegamos no consenso de que agora estamos no meio do seu pesadelo, sem mais nem menos um chega pra lá na indeferença do alheio
É melhor nos respeitar porque temos uma força tamanha que não se cansa e nem se dobra ao seu sabor de vingança
Porque não temos mais nada a perder e sendo original ou clichê saberemos como te confundir usando seu próprio prazer
Na maldade pegamos seus cortes e surpreendemos na oculta beleza do horror do anoitecer
E acordamos no bote da sua arte que nos ensina e nos faz aprender sem envelhecer
Cada um tem sua trajetória e não vai dar mais pra esconder antes do amanhecer...

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Inspiração

Fatos reais, banais, sobrenaturais e surreais que nos cercam no cotidiano caótico. Uma esculhambação geral mas que tenta levar a alguma reflexão seja ela qual for.

Sobre a obra

Técnicas refinadas e duvidosas de linguagem coloquial, gírias, palavrões e ofensas morais. E uma pitada de deboche e sarcasmo porque ninguém é de ferro

Sobre o autor

Faço uns raps desde 1999, sempre no esquema caseiro de escrever, produzir,gravar em casa e de vez em quando fazer uns shows por aí. Gosto de abordar todo tipo de assunto, a liberdade criativa e as experimentações que o rap propicia me motivam a continuar aos trancos e barrancos.

Autor(a): HAROLDO JUN ONISHI UJIKAWA ()

APCEF/SP