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O Velório
O Velório
Depois de trabalhar a semana toda, finalmente chegou o sábado. E Sarita resolveu fazer uma visita a sua amiga, Graziela, fazia tempo que prometera visitá-la. Chegando lá, ela encontrou não só Graziela, como também outra amiga, Jimena, que estava muito triste, chorando, pois seu avô João, muito querido, havia falecido, e teria que ir ao seu velório. Ele vivia num sítio, tinha quase uns noventa anos, e iria se enterrar no povoado Mangueira, no cemitério chamado Bom Jesus, onde já jazia outros familiares, localizado na cidade de Maruim, município de Sergipe.
Em solidariedade a sua amiga Jimena, Sarita resolveu ir ao velório, junto com Graziela. Foram de ônibus, e ao chegarem no sítio encontraram o caixão do falecido no meio da sala, isso é normal, é claro, sempre acontece quando o velório é em casa, e, principalmente no interior, mas, o que Sarita estranhou, e que lhe chamou a atenção foi que ao lado do caixão, tinha uma mesa grande com muita gente sentada almoçando, eram parentes e amigos do falecido, e dos familiares da casa, passavam dás doze horas do dia, hora do almoço. Comiam ao lado do velório, praticamente junto, homens, mulheres e crianças, conversando sobre tudo, dos feitos do falecido, da herança, da situação do sítio, se tinha filhos, se iriam vender o sítio. Queriam saber de tudo, uns falavam bem outros maus do falecido.
Esse fato assustou um pouco Sarita, nunca tinha presenciado uma situação assim, onde as pessoas não se incomodavam com o morto, e não tinham nenhum constrangimento de comer ali, próximo, sem nenhum problema de higiene, parecia que estavam em outro lugar e não num velório, livre para falar, conversar, além, é claro, de saciar a fome. Todos os seus pensamentos estavam direcionados para outros lugares, menos para o falecido, este serviu apenas, de pretextos para se encontrarem e colocar os assuntos em dia, e para saber das novidades.
Passado o susto, Sarita sentiu vontade de ir ao banheiro, este ficava, também, bem próximo do velório e da mesa, onde muitos almoçavam. Ficou preocupada, - E agora, como ir ao banheiro assim, com tanta gente praticamente presentes dentro do banheiro!? Onde todos sem querer observavam quem entrava e saia do banheiro. A porta do banheiro não ia até o chão, faltava mais ou menos meio metro, mostrava os pés e um pouco da perna da pessoa que ali estava. Isso a deixou constrangida e preocupada.
- O que faço!? Como vou usar o banheiro assim, com tanta gente próxima, conversando alto!? Com certeza vai atrapalha a minha concentração. Mas a situação do organismo não lhe permitiu nem pensar, quanto mais escolher, se ia ou não usá-lo. Então, sem opção, entrou no banheiro e fez o que precisava, tudo com muito cuidado, fazendo o menor barulho possível, mas chegou a hora de dar a descarga. Pronto vou chamar atenção! E agora, vão ver que tem gente no banheiro! Caso não tenham notado, com tanta conversa. E foi o que aconteceu! Chamou atenção, e muito, sobre sua presença! O cano do vaso sanitário não estava corretamente instalado com o cano geral, que levava todo o serviço ali realizado, para o sumidouro, e, ao puxar a corda da descarga, a água saiu junto com o serviço feito, como também o cheiro, foi tudo diretamente para a sala, encheu a sala, passou por baixo do caixão, chegou na mesa, molhou os pés de quem estava comendo, foi um chega, chega, um corre, corre, e todos queriam saber quem estava no banheiro!
Sarita ficou apavorada! Vestiu a roupa na carreira. Não sabia o que fazer, como foi que, uma simples descarga, gerou um problemão desses?! Queria sumir, não queria se mostrar, mas como!? Não tinha como se esconder, nem se quisesse, pois, a porta faltava um pedaço, não era inteira, como não descobrir a pessoa que causou toda essa confusão? E agora?! Pensou Sarita, o que faço? Ela ouvia o zunzunzum, todos falando ao mesmo tempo, gritando: cuidado, olhe a água! E pulavam da cadeira e outros levantavam os pés. Quem está no banheiro?! Todos queriam saber! A água passou primeiro pelos pés de Sarita, antes de ir para a sala. Ela foi a primeira a sentir o impacto do problema.
Por fim, tinha que se apresentar, então, Sarita constrangida, disse: - É agora! Saiu e resolveu enfrentar a situação, primeiro se desculpando: - Gente me desculpe, não tive a intenção de causar nada a vocês, simplesmente não tive culpa, não sabia que o cano estava fora do lugar, e que não poderia usar o banheiro, ninguém me avisou. Silêncio profundo! Ninguém disse nada, estavam chateados, tentando se limpar, o almoço já era, todos perderam o apetite, agora era hora de limpar a casa, e ainda bem que foi só xixi, imagine se tivesse sido outra coisa!?
Inspiração
Lembrei de uma situação que passou uma pessoa num velório no interior. A ideia partiu dos comentários sobre o mesmo. Então, recriei a situação partindo da minha imaginação.
Sobre a obra
A obra foi criada partindo da imaginação, utilizando personagens, narrando com descrição a cena, utilizando em alguns casos o diálogo para dar mais consistência ao fato, com um pouco de humor.
Sobre o autor
Eu já participei dos Talento FENAE nas artes visuais, com pintura, porque gosto muito de artes, mas na literatura, é a primeira vez.
Autor(a): ELIONAR BARBOSA DE SANTANA ()
APCEF/SE