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E depois...
Desorientada Ester indaga:
– Ô vó, o que é abraço? No dicionário diz: “Envolver algo ou alguém com os braços”. O que isso quer dizer?
Dona Valentina nostalgicamente explica à neta.
– Houve um tempo em que as pessoas conectavam-se fisicamente. Um gesto de carinho corporizava-se em toques mútuos. Quando enfermos afagavam a dor. Quando tristes um alento à alma. Quando felizes a partilha da exultação. Meus pais sofreram o fim desses atos como quem perde um ente às sombras, eu lembro vagamente. Sem esse hábito sobrevivemos.
Mais tarde na faculdade, Ester narrou seu diálogo com a avó à turma. Os colegas riram fartamente e voltaram-se às suas cabines estéreis. O holograma da professora a repreendeu por atrapalhar a explicação do cálculo com tal insânia.
– Abraços! Idosos e seus devaneios!
Inspiração
Um cenário ilusório do pós pandemia.
Sobre a obra
Sempre inspirada pelo que me faz refletir.
Sobre o autor
Já falei que sou fã da vida?
Autor(a): MARIA CLARA BARRETO CRISPIM ACURSI (Clara Crispim)
APCEF/RO