Talentos

Sobre Viver

Vou ser sincero, meu credo, não o largo.
Bem sabes que o amo com cada fôlego.
Mas de amo fiz meu medo, tão cedo travestido de ego.
Covardia? Talvez. Mas é tal fato incontrolável e de sobremodo amargo.

Estás presente em cada linha que tece minha mente no calor das almofadas.
És carta marcada nas minhas mais divertidas fantasias e contos de fadas.
Talvez habite aí meu erro, afastá-lo tanto do palpável, plausível e alcançável,
reduzi-lo a sonho infantil que não vê na realidade lar habitável.

Sejas por um instante meu guru que emana sabedoria, sou tenor afinado nesse palco instável da vida?
Recebi aplausos, confetes, rosas e enfeites, mas cá entre nós, eu jamais ocuparia esse lugar na plateia.
Se ali estivesse de vaias encheria, ou até sabotaria essa ópera maquiavélica.
Faminto e sedento bebo rios de vento e me deleito em banquete que nem de longe me parece comida.

Tentei me arrepender, mas terminei por me apreender.
Cada badalar do relógio da jornada é um alarme que me aproxima da sentença.
Me compreender se tornou tarefa árdua, revestida da mágoa criada ao tentar me conhecer.
Escrevo aflito, aguardando o conflito sobre o viver bem, amordaçando o inconsciente que desesperado alerta-me sobre a desavença.

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Inspiração

A rotina da vida é reflexo da covardia de não se arriscar pelos seus sonhos? Eis a minha reflexão.

Sobre a obra

Tentei explorar a diversidade da distribuição das rimas em cada estrofe.

Sobre o autor

Amo compor e escrever, é libertador. Busco sempre descrever em meus textos um conteúdo que desafia um pouco o leitor. Gosto também de explorar várias interpretações em um mesmo texto, me sinto bem frustrado quando alguém acha meu trabalho simplificado ou superficial demais.

Autor(a): YURI THIAGO CAMPOS DE MIRANDA (Yuri Miranda)

APCEF/MG