Férias...ahhh que delícia de época dos anos 70... éramos 04 irmãos e a gente sonhava com as férias na casa da vovó Faustina e vovô Alberto!! O nosso lugar tão sonhado era na roça. Lá tinha uma casinha simples de madeira e andoubo, feita de barro mas tinha tanto amor que a gente sonhava em estar lá o tempo todo! Na cerca do curral bem cedinho, tinha leitinho quente direto do peito da vaca e o luxo era as nossas canecas com raspinhas de rapadura que o vovô mesmo produzia da pequena plantação de cana...ahh que delícia... só de lembrar sinto o sabor na boca! Brincávamos o dia todo, subíamos em amoreiras, mangueiras e várias outras árvores, pique pega no milharal, visitas nas hortas, lembro até da fartura de melancias verdes e lindas, e claro, pé sujo de terra e muitas brincadeiras. O chiqueiro era o máximo, pois meu avô criava porco bravo para engorda e adorávamos correr no meio deles... e não importávamos com o perigo, tínhamos muito risco de ser pegos principalmente pelas porcas mamães cheias de filhotinhos... para nós era uma aventura e muita diversão. As galinhas eram soltas, faziam o que queriam, mas tinham sempre um puleiro para dormirem, era só o sol baixar, lá iam todas elas sempre acompanhadas pelo autoritário e imponente galo índio... e os cachorros, estavam sempre alertas e latiam sem parar, deixando os meus avós sempre atentos a qualquer barulho sinistro... Tudo era muito gostoso de se ver e viver. No final da tarde, depois do banho, que era quase na marra, a vovó Faustina servia uma jantinha... e que jantinha... era possível sentir o cheiro de longe... inesquecível o sabor... era tudo feito no fogão à lenha, tinha muitas folhas de alface, várias verduras coloridas, cenoura docinha, beterraba era a minha predileta, a batata era assada na brasa, e claro a combinação perfeita de arroz e feijão com aquele franguinho que era disputado pelos pedaços prediletos. Vovó tinha um tempero único, era tudo tão simples transformados em um cardápio dos deuses, tudo perfeito, e quanta felicidade... Mas o que a gente mais gostava era da sessão de histórias contadas pelo Vovô Alberto após a jantinha... a gente ficava ansioso pra chegar logo.... Não tinha televisão, então corríamos para sentar nos bancos de madeira que ficavam na frente da casa. Vovô Alberto contava com uma imaginação incrível, era uma grande viagem, nossas mentes entravam em várias histórias de muita luta, coragem, amor, aventuras e fantasias. Quando íamos dormir, nossas mentes estavam repletas de sonhos e com a certeza que tínhamos o mundo pela frente... Vovô passava pra nós essa esperança de que éramos especiais e que nossas vidas só teria sentido se sonhar, lutar, acreditar e vencer, não importa os desafios. Ahhh delícia de Férias.... que saudade!