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Tua igualdade
Ei você! Preste atenção!
Não clamo por liberdade ou por piedade
Clamo por igualdade!
São mais de quinhentos anos,
Mas poderiam ser duzentos mil anos
Que não apaga tua crueldade,
Não apaga a falta da minha liberdade
Outrora liberdade de ir e vir
Liberdade de sair
Liberdade de ter vontade
Liberdade de ter liberdade
Mesmo passado centenas de anos
Continuo preso ao engano
De que um dia tu me tratarás igual a ti
De que me olharás nos olhos a sorrir
Pelos campos onde toca o sino da justiça
Equidade, paridade, regularidade,
Uniformidade, identidade,
Quantos sinônimos tu criaste para igualdade,
Mas nunca realmente entendeste
De fato, nunca entenderás
Nunca saberás o que sofro e o que sofri
E quem sabe o que há de vir?
Quanto penso que entendo meu porvir
Amassa-me a alma,
Me tira toda calma,
Enquanto sufoca-me
Enquanto clamo-te
Pela minha própria vida
De joelhos não me pedes piedade
Ao contrário, és o algoz da perversidade
Quando fazes de um nobre gesto
O mais novo ritual funesto
De minha eterna ferida
Negro, afro, nego, preto
Me chames como quiser
Mas espero um nome completo
Que traduza o sentimento irrequieto
De uma vida sem conhecer tua solidariedade
E de sempre receber tua justiça sem igualdade.
Inspiração
Nesses tempos difíceis, novamente é notado que nunca houve igualdade.
Sobre a obra
As atrocidades que ainda existem de seres humanos contra eles mesmos somente por causa de sua cor, chamam atenção para um tema antigo que nunca conseguiu ser banido: o racismo.
Sobre o autor
Persigo as diferentes formas de expressão que a música pode me proporcionar. A vida é uma história e a música escreve cada nosso novo capítulo de uma forma única e diferente.
Autor(a): DAVID SANTOS SALOMAO (David Salomão)
APCEF/CE