- Página inicial
- Detalhe obra
Canto seco
No solo rachado a vela enfuna
Corre, solta a corda
E o catavento que range, rege rígida bruma
No céu coroado a lua empina
Foge toda a horda
E o lamento que rasga, reza, ri e esfuma
Um redemoinho açoita a areia
Singra Suassuna
Antes de tudo um forte, firme, fé e faca
Crava o espinho, a sereia
Sangra na laguna
E verte, náufraga, sôfrega, súbita ressaca
Há de vir
Já foi anunciado no mormaço Aracati
E o navegador de linhas tácitas
Soçobrando em suas próprias lágrimas
Inspiração
A questão da seca no semiárido é assunto recorrente em nossa região. Já foi cantada em prosa e verso por diversos artistas. Resolvi dar minha versão.
Sobre a obra
A poesia se apropria de um cenário imaginário, com figuras e personagens, onde o surreal e o fantástico coabitam. Influências das palavras dos poetas cearenses Virgilio Maia, Cleilson Ribeiro, do paraibano Ariano Suassuna, do carioca Euclides da Cunha (Os Sertões) e da pintura surrealista.
Sobre o autor
"Meu delírio é a experiência com coisas reais"
Autor(a): PAULO ROBERTO PEREIRA DE ARAUJO ()
APCEF/CE