Talentos

Lábios

Lábios


Então os lábios se fecharam
Ocuparam-se um do outro em instantes silenciosos
E os perfumes e corpos se misturaram
Fez-se medo e encanto nos corações ociosos

Andaram com dedos entrelaçados
Sob o sol que testemunha os passos claudicantes
Deitaram-se com os pés enlaçados
Sob a lua que oculta os corpos dos amantes

Perderam-se um no outro já sem resistir
Vez por outra se soltaram e voltaram a se encontrar
Com a ironia de quem ama com medo de sentir
Como a dança dos calejados que já não sabem dançar

Em suas faces fez-se a sombra da tempestade
E os olhos se fecharam para não enxergar
Que temor e amor se misturam na maldade
E negligentes, porém, seguiram sem cuidar

Enfim buscaram a cumplicidade
Na promessa íntima de ao menos tentar
Entregaram um ao outro a própria vaidade
Fizeram-se responsáveis pelo risco de falhar

Mas ela carregava ainda a incerteza
E certo era o desejo que apertava seu peito
Sem conhecer outro caminho se não a ardileza
Deixou a ele a escolha de buscar outro leito

Então os lábios se abriram
Como os olhos secos de quem se recusa a mostrar
Que era pequena a cólera que se estampou naquela mesa
Diante da tristeza de vê-la o derrotar

Compartilhe essa obra

Share Share Share Share Share
Inspiração

Surgiu da idéia de expor as dificuldades dos relacionamentos amororos.

Sobre a obra

A idéia da obra foi expor a proximidade e a distância que marcam os relacionamentos e dos acordos e desavenças no processo de se comprometer com alguém.

Sobre o autor

Arquiteto que começou a escrever como um hobbie e como uma forma de trabalhar os sentimentos. A escrita é uma forma de terapia e, embora de forma amadora, me traz muito prazer.

Autor(a): MARCO AURELIO GOMES DOS SANTOS (Zephyr)

APCEF/MG