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Ordens e caos
Todo dia é assim
levanta-se escravo
segue ordens
"hora de levantar!"
Não importa se precisa dormir mais
Não importa se quer ficar mais um pouco
É expulso pelo senso de responsabilidade
Ou pelo opróbrio da procrastinação
segue ordens
"hora de ir ao banheiro!"
segue ordens
"hora de tomar café!"
O relógio, em tom de ameaça, chega a susurrar
"você só tem dez minutos pra comer"
veste a roupa em movimentos de alongamento
equipa-se para ir trabalhar
cai na correnteza barulhenta
passa por alguns redemoinhos de três cores
continua a ser arrastado no verde
quando chega, torce para ter onde parar
segue ordens
"bata o ponto ao chegar"
segue ordens
"bata o ponto ao sair"
O cansaço embala o retorno
mas a volta é cheia de redemoinhos
quantos dias faltam para o pagamento?
Acho que esse mês fecha vermelho
segue ordens
"você precisa descansar"
segue ordens
"amanhã repita do início"
Inspiração
Nessa obra busquei fazer uma reflexão sobre a rotina. Sobre o risco de viver os processos da vida mecanicamente sem perceber quanta beleza deixamos passar despercebidas, preocupados em manter a ordem seguindo ordens internas e externas.
Sobre a obra
Reflexão e abstração.
Conto poético sobre o cotidiano.
Escrito em versos.
Sobre o autor
Aprendiz de escritor;
Personagem da poesia-vida;
Reprodutor dos traços, das cores e dos sons já explorados;
Extraindo ordem do caos;
Expondo parte do que foi retido.
Autor(a): CLAUDIO BOECHAT GOMES FERNANDES (Boechat)
APCEF/AM