Quase todo dia
surpreendo-me
uma vez mais
com a rotina dos jornais.

Ela saiu pra trabalhar
e hoje não vai voltar.
Alguém por quem
um dia se apaixonou
covardemente sua vida ceifou.

Meu olhar atônito
não quer acreditar.
Releio a notícia
e os macabros detalhes
me fazem arrepiar.

A mãe não conseguiu chegar
à escola para o filho buscar.
A jovem saiu para a balada
e terminou a noite baleada.
A esposa denunciou à polícia
que vivia ameaçada,
mesmo assim foi assassinada.

Sempre o mesmo motivo torpe:
de antigos parceiros elas se separaram
e assim assinaram sua sentença de morte.
Sempre a mesma lógica perversa:
“Se não é minha, de mais ninguém será,
nem dela própria”.

Quero gritar bem alto:
QUANDO ISSO VAI ACABAR?
QUEM IRÁ NOS AJUDAR?
Só me resta lamentar
e minha súplica
ao universo lançar.

Que o amor verdadeiro
seja estrela guia
a novos tempos iluminar
e que um dia, em futuro não distante,
toda mulher tenha o direito de viver
a seu alcance!