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O homicida e o milionário

O homicida e o milionário

Reza a lenda que mais ou menos no fim da década de 80, na agência Conselheiro Saraiva, lá pelas terras onde a cajuína parece que é água, existia um grupo de amigos que eram doidinhos para ficarem milionários. Então arriscavam-se na sorte dos jogos de loterias, semanalmente. Naquele tempo, bom mesmo era ganhar na Sena. Daria para comprar um Del Rey do ano, comprar uma casa de praia, viajar para o Rio de Janeiro, dar uma F-1000 de presente para o pai ir para o sítio e uma Vespa para o filho ir para o ginásio. A bufunfa era grande!
Então os amigos organizaram um “bolão” e, semanalmente, faziam suas apostas. Eis que, certa vez, o prêmio não estava tão grande, e todos declinaram do bolão, optando apenas por fazerem apostas individuais. Exceto um deles, o operador do telex, que mesmo tendo em vão convidado os demais para dividir o valor do jogo coletivo, resolvera assumir o ônus sozinho. Pois bem. Naquele tempo não tinha internet não, o que ainda tinha eram os “office-boys”. E era um deles o encarregado a ir até a casa lotérica pegar os resultados dos jogos e distribuir na agência. Por azar do nosso colega do telex, na hora que o boy entrava na agência com o resultado em mãos, eis que surge nosso vilão! Ele pega o resultado, confere seu jogo, guarda os números corretos no bolso e anota em outro papel os números do bolão, como se fossem os números sorteados no dia anterior! Que maldade...
O que se viu em seguida, por todos da agência, funcionários e clientes, foram gritos eufóricos de uma voz só, dizendo:
- “SOZINHO! SOZINHO! GANHEI SOZINHO!!! ESTOU MILIONÁRIO”
E tome pancada no pobre do telex! Logo uma roda se fez ao redor do colega, uns rindo, outros assustados, a maioria até arrependido de não ter participado. Mas aí, vendo a confusão que causara, nosso vilão apressou-se em revelar a verdade para o gerente geral da agência, para que o mesmo tratasse de explicar ao novo milionário que alegria de pobre dura pouco. A alegria dura pouco, mas a nova patente ficou: passou a ser conhecido em todos os lugares como “milionário”!
É claro que ele teve um enorme desejo de matar o engraçadinho, mas o máximo que pode fazer foi pedir transferência de agência e deixar de frequentar a AEP (Associação dos Economiários do Piauí) por um tempo, pois não aguentava mais ser chamado de “milio”.
Os anos se passaram e, quase três décadas depois, no banheiro da AEAP-PI, eis que surge o grande encontro: no mictório 1, o gaiato. No 2, nosso amigo Milio. Após despejarem xixi por mais ou menos 43 minutos ininterruptamente, veio uma pergunta romper o silêncio:
- Bita, você já me perdoou?
Eis que o ex milionário olha pra cima, dá uma balançada, guarda o sabugo nas calças e, antes de sair do banheiro, decreta:
- Se eu fosse cardíaco, você seria um HOMICIDA!

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Inspiração

Essa é uma obra de vero-ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera insistência de quem esteve por lá naquela época!

Sobre a obra

Essa é uma obra de VERO-FICÇÃO CIENTÍFICA.

Sobre o autor

Sou um bancário dedicado, um filho muito grato, um amigo de mão cheia e, acima de tudo, um PAI aPAIxonado. Apaixonadíssimo! E sou MUITO FELIZ por tudo isso!

Autor(a): FRANCISCO WELLINGTON CHAVES FILHO (Wellington Filho )

APCEF/MT