- Página inicial
- Detalhe obra
Coração Ausente
Coração Ausente.
A saudade é uma miopia da memória,
Uma luz que quer clarear, mas que ofusca.
Embaça a vista, como uma foto desfocada
Mas que sonha com a nitidez no que se busca.
A saudade nos põe em sonhos acordados.
E, frente a todo esse clarão que nos seduz,
Nos entristece pela ausência assim sentida,
Mas nos atrai, como mariposas para a luz.
A saudade pode nos fazer franzir os olhos
Para ver melhor no muito iluminado,
E em toda essa cegueira que a ausência traz,
A memória vê melhor de olhos fechados.
Ter saudades é ter perto de si
A presença de um coração ausente.
Ter saudades é querer, a um só tempo,
Senti-la e aboli-la, desesperadamente.
Inspiração
A saudade que sinto dos meus filhos, que moram em outro país, me põe sempre a pensar no que é essa ausência, e de como o que sinto é bonito, porém sofrido. Saudade é isso: um belo sentimento sobre um bem ausente. Fiquei dois anos e meio sem contato com eles (a Pandemia nos distanciou demais). Mas pude vê-los, enfim, nas férias deste ano.
Sobre a obra
Coloquei o que penso sobre essa dualidade da Saudade. Pus ainda a emoção que a ausência dos meus filhos alimentam, algo que alterna entre a ternura e a tristeza. O poema, sem métrica (para ficar mais fluido), foi dividido em quatro estrofes de quatro versos, com rimas somente nos versos pares. Menos formalidade, mais sentimento.
Sobre o autor
Escrever é, para mim, materializar o que só existe na minha cabeça. É tornar real e transmissível sentimentos que só eu sinto.
Autor(a): DIEGO LEITE DE BARROS (Diego Leite de Barros)
APCEF/RN