Meu mamoeiro

Havia um quintal inteiro
mas em um minúsculo cubículo
resolveu se instalar
um mamoeiro.

Nem era lugar de se plantar
mas lá ele apareceu
em sua falsa timidez
crescendo devagar.

Eu o olhava às vezes com tristeza
imaginando sua breve vida
recriminando-o por escolher
o pior lugar para crescer.

E me surpreendia por constatar
que a despeito do pequeno espaço
ele teimava em ganhar corpo
e adivinhava, mais uma vez,
que seu fim estava próximo.

Nem um grão de terra
nem uma gota d’água
de mim ele recebeu
e um belo dia
no seu mais puro verde
um fruto me ofereceu.

E sua lição foi maior ainda:
a persistência, força e garra
de quem escolheu e acreditou em seu lugar
buscou seus próprios meios
e fez a vida continuar.

Diante de tamanha audácia
só posso agradecer
a oportunidade desta dádiva.

Obrigada, querido mamoeiro!
Que você seja meu!
Que você seja eu!

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Inspiração

A ideia surgiu ao observar um mamoeiro que teimou em nascer em local inapropriado em minha casa. Ao observar sua trajetória, me veio a inspiração para contar sua história extraindo as lições de sua persistência.

Sobre a obra

Quando o poema nasce, sua ideia inicial tem que ser logo registrada para que a inspiração não se perca. A partir daí, o registro é lido e relido diversas vezes. São feitas adaptações, sempre brincando com as palavras. Incluindo alguns trechos, excluindo outros, trocando os termos. Até chegar à uma versão final, que enfim satisfaça nossa inspiração.

Sobre o autor

Filha de pai engenheiro e mãe professora de letras e escritora. Fui admitida na CAIXA em 1989, mesmo ano em que me casei. Tenho três filhos. Na CAIXA me especializei na área de risco de crédito, onde trabalho há mais de 15 anos. Gosto de registrar de forma poética meus sentimentos sobre temas marcantes do cotidiano que despertem minha inspiração.

Autor(a): ALESSANDRA FRANCA DENOFRIO ()

APCEF/DF