PINGANDO POEMA

Pingando Poema

Por entre as frestas
Os dedos ocultam
Os olhos da menina
Desatina, rasga as vestes
Aos poucos descortina
A mulher nua e ferina
Que ainda não sabe
Mas pode matar

Nos olhos do poeta
A face da princesa
Voa noturna
Perdido cometa
Brasa acesa
Leve bruma, ilesa
Tal qual ilusão
Que não pode tocar

Matem o poeta
Deixem os carrascos
Cortem-lhe a cabeça
Pra não se lembrar
Pra que não mais teça
Poesias de teias
Nem rendas de atar

Que maldito ele seja
Por tanto te olhar
Arranque seus olhos
Pra que não mais veja
Na noite sombria
Seu vulto vagando
Perdida e tão ilha
Na noite do mar

E deus não conhece
E soubesse de amar
Guardava seus seios
Guardava sua boca
Tirava meus olhos
Tirava minhas asas
Guardava os anseios
Te deixava louca
Me deixava insano
Pra nunca na vida
Eu poder te lembrar

E o corpo lateja
De noite e de dia
Vazando meu sangue
Pingando poema
Escrevendo em vermelho
Meu pobre dilema
De um dia já velho
Molhar o meu ombro
Com choro amarelo
De quem se perdeu
E não quer mais voltar

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Inspiração

Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação. (Mário Quintana)

Sobre a obra

Não cheguei a um resultado. São apenas tentativas e experimentos de técnicas e anti técnicas.

Sobre o autor

NÃO ACREDITO EM TALENTO. CREIO EM EXPERIMENTOS, PERSEVERANÇA, TEIMOSIA, BUSCA, GANA, GARRA, VONTADE, DETERMINAÇÃO E LIVRE ARBÍTRIO, PARA TANTO OU NÃO...
SOBRE MIM, ESTOU BUSCANDO.

Autor(a): LAUDISMAR DEPTULSKI ()

APCEF/ES

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