Incompreendido
É assim o sentimento que o define
Tantos pensamentos o afligem em cada dia que o cerca
Nos desejos não expressos dentro do peito em chamas
Escondidos no sorriso a disfarçar-lhe a alma.

Como um raio
É assim que o dia passou diante dos seus olhos
E os desejos não realizados em vista do tempo
Ou sufocado pelo medo de se expor e se envergonhar
E chega-se a noite para agonizá-lo na tortura do pensar


Espinhos
É do que parece ser feito o seu leito
Mas não é no corpo que dor lateja incansavelmente
A roubar-lhe o sono que parece ter sumido na escuridão
E sim no coração a bater descompassado em seu peito

Inquietação
Ao seu lado repousa no sono dos justos a sua amada
No quarto ao lado o dormir inocente da criança
E o ressonar gracioso que se ouve no pequenino quarto
Enfeitado pelos arranjos e desarranjos infantis

Ainda inquieto
Cada cômodo lhe espelha uma lembrança
Em cada canto parece dormir uma esperança
E na saída de cada um o ferrolho da tristeza lhe fecha a porta
Torturando-lhe a alma sufocada

No jardim
O aroma das samambaias lhe inebria a mente
O levando a infância que se fez perdida
Lhe trazendo de volta a dor do passado
Querendo arrancar-lhe da mente a sanidade

O céu
As estrelas escondidas pela nebulosa luz da cidade
E a lua a cortar o céu se vai ao longe
Vai sumindo devagar no horizonte
Carregando o tempo impiedoso e não lhe permite o descanso

O alvorecer
O céu se forra de estrelas opacas, e uma cadente corta o céu reluzindo
E o vento frio corta-lhe o rosto abatido, fazendo-o tremer
Levando-o para dentro ao recanto do quarto escuro
E se esconde sem saber do que ou como.

Crepúsculo
Nas nuvens se pinta cores vivas de sua majestade do dia, o sol
O latido insistente desperta a vida que se renova
E sua amada desperta e se espreguiça ao seu lado
Fazendo-o levantar-se novamente com corpo cansado pelo açoite