Talentos

O conto do turista

Era uma segunda feira de um mês de agosto, do ano de dois mil e doze. A cidade é Alcântara, estado do Maranhão, extremo norte do estado.
A beleza arquitetônica do lugar, com casarões e casarios remanescentes do séc XVII e XVII, atraiu a jovem engenheira Bianca, de vinte quatro anos, que estava a conhecer o lugar e a procurar novos conhecimentos; a trocar experiências.
Ao despertar, em um hotel próximo ao centro histórico, exatamente às seis horas da manhã, ela prepara o passeio, pega a mochila, a maquina fotográfica, os óculos, o protetor solar e sai. A moça já tinha ouvido falar da quentura de se estar na linha do Equador. Botou o chapéu e partiu.

Ao sair no primeiro dia Bianca aproveitava atentamente a arquitetura do lugar, observando cada mirante, os paralelepípedos que formam as ruas de pedras, os pontos turísticos. Ela parou em frente a uma igreja do período barroco e abriu seu mapa. Estava a contemplar o lugar.

Olhava atentamente cada detalhe da Igreja, tanto internamente quanto externamente, além das ruínas, que cercam todo o lugar, fazendo anotações e fotografando.

Desceu mais um rua, falou com um transeunte, que lhe deu informações sobre um ponto específico do mapa. Já se passava das sete horas. A cidade começava a acordar. O sol aparece radiante. Bianca,sempre atenta, pergunta sobre a história dos lugares, dos exemplares de monumentos arquitetônicos, dos senhores de terra, das belezas naturais, da cultura popular.

O café da manhã já passava da hora. A engenheira já tivera visitado alguns pontos turísticos e resolveu fazer uma pausa e tomar um cafezinho. Parou no canto da rua, onde uma senhora idosa que vendia café para quem passava por ali falou:

--Bom dia!

A garota parou e respondeu:

Bianca não hesitou em perguntar um pouco sobre a vida daquele povo , os aspectos da vida cotidiana, da culinária. Nesse meio termo a senhora interrompeu Bianca , pois estava a fazer uma pergunta sobre o café. E disse:

--A moça deseja um café de "Sun Paulo" ou do Pernambuco.

Ela, meio perdida, perguntou: como assim senhora?

--O café de "Sun Paulo" é mais amargo! E o de Pernambuco é mais doce!

Ela prontamente disse:

--O mais amargo.

Elas se cumprimentaram, e a partir dali já se conheciam melhor. E despediram-se.

Quando Bianca voltava para casa ficou pensando, diante dos casarios que cercam as redondezas: Mas qual sentido de São Paulo e Pernambuco? Amargo e doce?

Lembrou daquela senhora, com as marcas no rosto de uma vida sofrida. Ionete era uma senhora de 73 anos, descendente de escravos, que viveram séculos nos quilombos espalhados pela cidade.

Ao mesmo tempo, Bianca, imaginava aquelas ruas de pedras cheias de charretes e carroças, os escravos domésticos circulando, o convento, os sinos. Refletiu ela que sobre o sentido do mais doce e do mais amargo do sentido da pergunta que lhe atormentava.

Foi quando falou com o mordomo do hotel em que estava hospedada e ele disse que aquela pergunta fazia referência ao ciclo de cana de açúcar do nordeste e o ciclo do café Paulista .

E disse ela:

A história ultrapassa os séculos.

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Inspiração

O conto é uma possibilidade de exprimir os acontecimentos da vida ou refletir sobre vivências.
Ele faz parte de um relato sobre a experiência de uma turista que passava pela cidade de Alcântara, contada por um popular , dono de um pequeno hotel.

Sobre a obra

Usei narrativas literárias com parágrafos curtos. A obra faz parte de uma tentativa de retratar a cultura de um povo por meio da interação social.

Sobre o autor

Meu nome é Pedro.É muito desafiador participar do Talentos Fenae 2018. Gosto de contos, crônicas , poesias e poemas.

Autor(a): PEDRO JADER BANDEIRA SOUZA ()

APCEF/MA