- Nonada!
Só dessangra o peito o sentimento
Que deixou de ser nome e tomou conta
E como é que o amor desponta
Se calada, a alma encobre o intento

E me vejo então na suspirância
Colominhando refrio e esvaziado
Turbulindo, em tudo misturado
Feito o diabo mente desimportância

Atravessou em mim, foi um sibilo
Não tive assombro, não achei ruim
Como que eu podia dizer aquilo?
Chegou, tomou conta de mim

Não tive assombro, não achei ruim
E a idéia no rastro, sibilina
Como que eu podia dizer aquilo?
Chegou, e é minha neblina

- Nonada!
Pois se sabe, viver é perigoso
E a vida sempre pede coragem
Pois nessa travessia a margem
No oposto é ponto sinuoso

Se teu amor, bandalho descorrigido
Se dobrou, vergonha, circuntristeza
Teu sertão em meu sertão fez-se gasteja
Pelo tempo em que Deus come escondido

Atravessou em mim, abriu veredas
Não tive assombro, não achei ruim
Mas o teu amor só foi labareda
Depois que já era o fim

Não tive assombro, não achei ruim
Ensimesmuda se a vida requer
E te salvei quando já era o fim
Morrendo pra nascer mulher

Aqui a estória acaba
Aqui a estória acaba
Aqui a estória acaba
Travessia