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A AVENTURA DE CHICO VALENTE

A AVENTURA DE CHICO VALENTE

Francisco nasceu na roça,
Muito longe da cidade.
Como todo bom matuto,
Labutou com pouca idade!

Deus colocou em seu caminho,
Gabriela, mulher corajosa,
E gerou aquele casal,
Uma família bem numerosa!

O seu coração era bem grande,
Cheio de amor e compaixão,
Fazendo dele um grande parceiro,
Para com os vizinhos da região!

Sempre estava pronto pra servir,
Com os amigos em mutirão,
Contribuindo dessa maneira,
Para um clima de união!

Certa feita o bom matuto,
Lidando num mutirão,
Viveu uma grande aventura,
Naquela ocasião!

Uma certa onça pintada,
Muito comum na região,
Vinha atacando os rebanhos,
Até animais de estimação!

Eram vários companheiros,
Trabalhando naquele roçado,
Viram pelo barulho dos cães,
Que uma onça eles tinham acuado!

Chico não pensou duas vezes:
Foi correndo uma arma pegar,
Chamando os seus companheiros,
Para a onça enfrentar!

A turma se espantou,
Com aquela proposição,
Pensando que ele endoidou!
Tinha perdido a razão?

Ninguém quis se arriscar,
A participar daquela loucura,
Sabendo o risco que correriam,
Se jogando naquela aventura!

O matuto foi então sozinho,
Tendo consigo somente,
Uma meia dúzia de cachorros,
Que seguiram na sua frente!

Levava na mão uma garrucha,
Que só tinha uma bala,
Sabendo que se errasse o tiro,
Ele estaria na “vala”,

Na cintura uma faca,
Como todo matuto tem,
Para as atividades do dia a dia,
E se defender de também!

Logo que entrou na mata,
Com a onça de frente topou,
Já vendo no chão mortos,
Três cães que a ”pintada” matou!

A onça se sentindo acuada,
Para lado dele começou a correr,
Mostrando bem claramente,
A intenção de lhe abater!

O matuto mirou a “pintada”,
E o gatilho apertou,
Vendo de imediato,
Que o tiro ele errou!

Atingiu apenas a pata,
Da malvada criatura,
Lançou mão então da faca,
Que carregava na cintura!

Com a peixeira na mão,
A onça ele enfrentou,
E com a ajuda dos cães,
Por sua vida ele lutou!

A cachorrada atacava a onça,
Quando pra cima dele ela partia,
E quando ela virava para os cães,
Ele se aproveitava e lhe atingia!

E foi quase uma hora,
Que aquele embate durou,
Quando findou, Chico não acreditava,
Que aquela onça ele matou!

Voltando para o roçado,
Pediu aos amigos pra ajudar,
A carregar a onça morta,
E seu couro retirar.

Ao ouviram aquela proposta,
De dar risada teve até quem chorou,
Pensando que fosse mentira,
Que o matuto inventou!

O companheiro Antônio,
Pensando ter ouvido asneira,
Afirmou que se fosse verdade,
Do fiofó da onça, faria uma “pulseira”!

Com a atitude dos companheiros,
Chico ficou bem irritado,
A desconfiança dos amigos,
Deixou ele indignado!

E novamente sozinho,
O matuto voltou para mata,
Pensando no quanto é difícil,
Lidar com gente ingrata!

Chico cheio de raiva,
Com tamanha falta de apreço,
Trouxe não só o couro da onça,
Mas também aquele “adereço”!

Antônio tentou fugir,
Mas o sucesso não logrou,
Porque turma partiu pra cima,
E logo o alcançou!

O famigerado “adereço”,
No seu braço foi colocado,
No meio de muitas risadas,
Pra sempre ele ficou “marcado”!

Deve ter se arrependido,
De ter falado besteira,
Pois passou a ser conhecido,
Pelo apelido de “Antônio Pulseira”!

O povo admirado,
Com tamanha valentia,
Passou a respeitar o Chico,
A partir daquele dia!

A história se espalhou,
Daquele dia pra frente,
Ficando o matuto conhecido,
Pela alcunha de “Chico Valente”!

Autora: Laudice da Silva

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Inspiração

trata-se de um fato verídico ocorrido com meu avô Francisco Hipólito Branquinho na década 20/30.

Sobre a obra

depois de ouvir por muitas vezes a referida história, resolvi contá-la através de rimas.

Sobre o autor

sempre gostei de ler e de rimar. não me considero uma poetisa, mas gosto de vez ou outra fazer umas rimas.

Autor(a): LAUDICE DA SILVA MEDEIROS (lau silva)

APCEF/MS