Talentos

Insônia

Ela não conseguia dormir.
Levantava sempre no meio da noite, esgueirando-se pelas frestas da porta do quarto dos pais murmurava baixinho: Mãe...
Bem baixinho, só pra dizer que estava ali, que estava chamando. Nenhum sinal de porta abrindo. Ela então sentava no chão. Na frente da porta. Seu corpo magrinho e pernas flexíveis faziam a forma de borboletinha e lá ela ficava, sentada, pensando na vida. Porque não conseguia dormir? Isso não sabia responder.
Levantou pra arriscar mais um murmuro na porta: Pai...
Nada. O silêncio impera.
Ela não gosta de ficar sozinha, ainda mais a noite.
Senta, olha pra sala, as sombras da parede parecem formar alguma coisa. Que será? Tic Tac.
Ela queria saber as horas, mas o relógio está mergulhado na penumbra. O que eu vou fazer? Não consigo dormir! Pensa ela. Olha pra lâmpada logo acima da sua cabeça, percebe que não esta sozinha, por ali girando esta um mosquitinho, bem pequeno fazendo aquele barulhinho... zim..zim..zim...E ela fala: Oi mosquitinho, não consigo dormir e você? Porque passeando a essa hora da noite?? E sorri.
De repente, ouve uns estalos! Sim estalos altos. Que será?
Lembra-se da aula de ciências que diz que os móveis expandem e encolhem. Se acalma. Arrisca uma batida na porta: Toc! Toc! Nada. Silêncio total.
Será normal uma criança da idade dela não conseguir dormir? Será tédio? Aprendeu essa palavra nova e adorava usar. Deve ser tédio! O mosquitinho sumiu. Deve ter ido procurar outra luz, pensou. Não gostava de ficar sozinha. Olhou pras suas mãos, pequenas, unhas roídas. Ela só tinha 8 anos. Tudo bem, eu sou criança. Bateu forte na porta: TOC! TOC! MÃE!!!!
Ouviu um ruído. Seu pai apareceu na porta. Ela o mais rápido que pôde pula no seu colo, agarra em seu pescoço e diz que não consegue dormir. Faz o pedido solene: Pai, pode ficar na minha cama um pouquinho? O pai percebe como ela já não cabe
no seu colo como antes, seus longos cabelos dourados, pernas compridas, olhar pidão... Ele pensa: Como o tempo voa! Ela cabia na palma da sua mão. E Diz: Papai vai ficar com você um pouco. E vão seguindo para o quarto, ela se sentindo segura nos braços do pai. Ele se sentindo pequeno demais.

Compartilhe essa obra

Share Share Share Share Share
Inspiração

Uma descrição do período em que a minha filha passou de insônia e da sua forma de lidar com a situação nova para ela

Sobre a obra

Só deixo fluir mesmo as observações do cotidiano

Sobre o autor

Apaixonada por música, livros, poesia e tudo que envolve expressão de sentimentos e sentidos. Aventureira em todas as formas de arte.

Autor(a): ARYELLE BARBARA SOUSA BOECHAT FERNANDES (Aryelle Boechat)

APCEF/AM