Talentos

O HOMEM DE FARDA

O HOMEM DE FARDA
(Guilherme Paiva Peixoto)

Ele é um homem de farda e ostenta medalhas
Nenhuma delas por atos de bravura ou heroicos
Que ainda sonha com a cavalaria e a infantaria
Atropelando os estudantes e trabalhadores
Nas praças e avenidas.

Apreciador de mortos em torturas
Partidário da política necrófila
É indiferente aos mortos numa pandemia
É indiferente aos pantanais e florestas em chamas
É indiferente aos animais dizimados e carbonizados.

A frieza de suas ações
É o retrato de alguém sem alma,
Sem consciência, sem coração,
Sem piedade, sem compaixão.

Destituído de qualquer empatia
Para com seus semelhantes
E a completa indiferença em relação à vida
É a prova de que a máxima:
"É loucura esperar
que homens maus não façam maldades"
Do imperador e filósofo Marcus Aurelius...
É verdadeira.

É insensível aos gritos da dor (aguda) das mães e pais,
Que perderam seus filhos
É insensível as lágrimas dos filhos e netos,
Que perderam seus pais e avós
A morte pode ser algo natural,
Mas não é natural a indiferença
Do ser humano diante dela.

Que me perdoem os otimistas de plantão
Mas não estamos nada bem, pelo contrário
Tudo vai mal, tudo, tudo, tudo muito mal
E nem tudo está mais certo,
Nem preciso e nem exato como antes
Tanto quanto a Terra,
Que era redonda e passou a ser plana.

O seu desgoverno é tão incerto, impreciso
Quanto uma matemática inexata
Onde dois e dois são cinco
E do fundo do meu coração
Espero que o seu mandato
Seja igualmente incerto...
Onde dois e dois serão três.

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Inspiração

Praticamente tudo que escrevo, tem como fonte de inspiração: leituras, memórias e canções. Neste poema, especificamente, a minha maior fonte de inspiração foi a música "DOIS E DOIS" de Caetano Veloso, que fundiu-se de tal maneira com a minha atual revolta enquanto cidadão, que me vi impelido a colocar no papel o meu "grito de revolta".

Sobre a obra

Curiosamente comecei a escrever esse poema de baixo para cima, inspirado pela música "DOIS E DOIS" de Caetano Veloso e fui me valendo dos trocadilhos da "matemática inexata", presente na letra do brilhante Caetano e quanto mais ouvia a canção, mais eu encontrava inspiração para materializar o meu "grito de revolta".

Sobre o autor

Descobri a poesia tardiamente, mas sempre gostei muito de filosofia e muito do que escrevo tem sempre um "quê" de filosofia. "Uso e abuso" de conceitos filosóficos e não me preocupo tanto com a estética do poema. Creio que todo poeta seja um filósofo nato e como os antigos gregos acredito que poesia e filosofia estejam "intimamente" interligadas.

Autor(a): GUILHERME JOSE PAIVA PEIXOTO (Guilherme Paiva Peixoto)

APCEF/ES