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Penitência
Penitência
O tempo que devora com asco esta vida,
queimando a juventude no podre cachimbo,
ao ver-se em meus olhos, o ébrio, no limbo,
reconhece-se clandestino da cidade perdida.
Antiga é a tentação que o procura esta noite,
com profunda intimidade de quem possui,
no encanto a premissa do futuro açoite,
ao corpo que se dobra febril e geme.
Tão previsíveis são as angústias do tolo,
que se entrega a vagar por ruas e becos,
buscando em vão sensações que há muito,
não encontram rumor no organismo seco.
Morada de abismos e de breves ilusões,
de sonhos e utopias tantas que pouco
ressurgem no trago letal que o tomba.
E agora que jaz rijo gera inúmeras comoções,
motivo de assunto aos adictos do bairro,
eis a penitência: ver seu corpo frio à sombra.
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Inspiração
Trabalhei por muito tempo no centro de São Paulo, próximo da Cracolândia. Aquelas vidas moribundas e perdidas me inspiraram a escrever este poema.
Sobre a obra
É um poema influenciado pelo poeta maldito Charles Baudelaire, que escreveu muito sobre o vício nas ruas de Paris, no séc. XIX.
Sobre o autor
A arte sempre esteve presente em minha vida, principalmente música e literatura. Em 2020, fiquei em segundo lugar na estadual do Talentos Fenae, categoria Contos e Crônicas. Espero ter mais sorte dessa vez.
Autor(a): FELIPE THIAGO SANNA (Felipe Sanna)
APCEF/SP