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Pós-guerra
O ano era 1946 quando Edward Meyer ainda tinha resquícios de bombas e estilhaços sem sua mente. Ele mal conseguia dormir, respirar, ou ouvir o silêncio, pois na sua mente ainda estavam os sons de gritos de dor, fúria e morte dos campos de guerra. Ele nunca conseguiu superar o trauma pós-guerra, gerado pela morte de companheiros de batalha e sua principal tormenta: a visão de centenas de crianças mortas asfixiadas na Alemanha.
Por muito tempo de sua vida Edward questionou sua fé, a inteligência humana, ou mesmo a necessidade da existência do homem no mundo. Com o passar dos anos, o jovem americano amadureceu a ideia de que tempos melhores viriam. E de fato houve um breve momento de lucidez mundial em busca da paz: assinatura de tratados, reconhecimento dos erros alemães, pactos de paz.
O americano veio passar as férias no Brasil em meados de 1961 e se apaixonou por Clara, que se tornaria sua esposa e companheira pelo resto da vida. Eles tiveram 3 anos de plena felicidade e tranquilidade. Contudo, a partir de 1964, o americano, que cursou faculdade de jornalismo depois da guerra, começou a ser perseguido pelos seus ideais “americanos” de liberdade e defesa dos direitos individuais.
Edward foi torturado por 20 anos pelos militares no governo brasileiro. Nunca abandonou o país pois acreditava na democracia e amava a família que havia constituído no país. A esposa e os dois filhos sempre o apoiaram em todos os momentos, pois acreditavam em dias melhores. Novamente ele questionou a sanidade humana neste mundo e até onde a estupidez, a corrupção, e a defesa de interesses individuais podem modificar a cabeça das pessoas.
Com a promulgação de uma nova Constituição, a volta da democracia, o já idoso Edward continuou na esperança de dias melhores no Brasil. Sempre teve uma atitude de combate à corrupção e apoio aos discursos de liberdade; viu a ascensão da direita, depois da esquerda, mas não entendeu como o país que escolheu amar retomou os traços obscuros da ditadura em 2018.
Quase centenário, o americano não fazia ideia que a sua vida dependeria das eleições e o fim de seus dias estava próximo. Novamente ele questionou a inteligência humana, a necessidade do ser humano no mundo e nada mais fazia sentido.
Desacreditado da política e da boa fé dos políticos, Edward não entendeu porque o dirigente do país que tanto amou não comprou vacinas disponíveis para a sua população (se sua função básica é zelar pelo interesse do povo), e acabou morrendo de COVID-19 aos 99 anos no início da pandemia de 2020. O americano gerou grande fortuna na vida, pagava o melhor plano de saúde possível, mas morreu esperando por um leito de hospital, com fé em Deus, mas sem entender a inteligência humana, ou mesmo o sentido de sua existência.
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O cenário político e social do pós-guerra até os dias atuais
Sobre a obra
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Um relato da vida de um americano que resolveu acreditar na boa-fé dos políticos brasileiros.
Sobre o autor
Um artista que busca incessantemente várias formas de expressão: na literatura, música, fotos e filmes!
Autor(a): DAVID SANTOS SALOMAO (David Santos Salomão)
APCEF/CE
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