Talentos

Existem coisas que nem mesmo borracha apaga

Existem coisas que nem mesmo borracha não apaga

Estrelinha é aquele cara que é só respirar, já causa tumulto. Os seus imbróglios nunca ficavam nos limites municipais, a guarda da cidade já o conhecia. Estrelinha chamava mais atenção que o astro rei. Mais até que o seu parente Haley. Ninguém dava jeito naquele cometa.
O enrosco mais recente se deu numa dessas agências bancárias que são azuis por fora, mas rosa por coração. Nessa discussão não vou me alongar. Não numa crônica. Então, bora lá!!!
O nosso amigo não se deu conta quando foi a uma dessas agencias, que havia um grupo de amigos angustiados, já que era uma sexta de feriadão e o quinto dia útil daria numa quarta. Quem recebe em quinto dia útil, e tem empatia, sabe do que estou falando. Por isso, já não estavam, apesar do vínculo entre eles, muito amigáveis e abertos a gracinhas.
Porém nosso personagem se parecia, certas vezes, meio lunático. Não sentia o clima. E resolveu aprontar das suas para um dos integrantes do grupo. Justamente com o que arrebentava tudo quando alguém tocava no seu apelido. Esse apelido até o final você descobrirá.
Vamos ao desenrolar da bagunça.
Estrelinha, assim, do nada, grita no meio da agência: "QUEM AQUI PERDEU 20 MIL ENROLADOS NUMA BORRACHINHA AMARELA?" Aí, meu amigo, como se fosse um raio, ou sei lá o quê, o nosso amigo dono do apelido, que ainda vou segurar o suspense, grita: “EUUUUUU! EU QUE PERDI”.
Estrelinha, na sua cara séria de deboche, entrega ao nosso personagem a borrachinha amarela. "Toma aqui a gominha, assim que encontrar o dinheiro, eu entrego a você". Estava armada a confusão. Os amigos que adoravam zoar o colega, desta vez tomaram as dores do colega que a esse ponto já tinha arrebentado com uma meia dúzia de cadeira da agência. Tal era a cólera.
Nesse ínterim, as funcionárias do setor já haviam abandonado seus postos. Já se aglomeravam nos pisos superiores, amedrontadas. Os vigilantes já tinham entrado para controlar a confusão. Polícia Federal acionada na capital, não sei quem foi que apertou o botão.
Tudo se caminhava para um fim menos trágico. Porém um deles na confusão teve uma camisa do seu time do coração lançada sobre a porta automática. Que lá ficou enganchada.
Ocorre que as palavras, mesmo que sua entonação não denote determinado entendimento, o contexto a favorece, ou desfavorece, veja o leitor como quiser. Na vontade de ajudar e acabar de vez com o pandevu e voltar tudo ao normal, ao ouvir que precisavam retirar o estandarte sobre a porta, um grita para um colega no rádio da segurança, após perguntarem-no pela escada de abrir que só ele tinha acesso, se ele podia subir e retirar o entrave de lá de cima: TIRO, TIRO COM CERTEZA. TIRO.
Estava formada mais uma confusão. O amigo que recebera a borrachinha se esticou para debaixo da mesa, seus amigos disputavam espaço atrás das mesas do setor. Uma correia dos infernos.
Estrelinha, coitado, não se dava conta da quizumba que aprontara. Dando-se a par apenas com a chegada da tropa que havia sido acionada na capital, quando foi agarrado pela gola da camisa enquanto estrelavam nele umas belas borrachadas.


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Inspiração

Eu sempre trabalhei muito com crônicas em sala de aula, pois sou formado em Letras. Acho maravilhoso o desenrolar dos fatos, os estereótipos. Tudo me fascina no texto. Além de ter o sonho de um dia um texto meu ser publicado para o mundo, para a eternidade. Visto que uma crônica pode ser imortal.

Sobre a obra

Tenho imenso gosto pelo jogo de palavras. Gosto de explorar as ações. Esse texto me proporcionou isso. A ideia de o leitor viajar nos fatos e se sentir dentro do texto, encanta-me.

Sobre o autor

Sempre amei escrever, ou melhor ler. Lembro de quando eu ainda lia revistas catadas no lixão do Bairro São Pedro em Vitória-ES. Depois comecei a vender jornais pelas ruas dessa mesma capital. Lia os jornais, ainda menino, e comprava muitas revistinhas em quadrinhos. Ainda tenho o sonho de publicar alguns poemas. uns contos prontos.

Autor(a): WANDERSON MARTINS DA SILVA (Wanderson Silva)

APCEF/MG