- Página inicial
- Detalhe obra
A fada e o acauã
A fada e o acauã
Maria caminhava lenta. Pés descalços, cabelos desalinhados. Na cabeça, lata d’água vazia. Flor, sua filha, a acompanhava a passos mansos. Seus olhos vivos, cor de mel, seguiam curiosos o voo do acauã.
A mãe procurava o riacho que passava perto da pedra, onde o pássaro pousou. Uma lágrima saiu do canto do olho, escorregou pela maçã do seu rosto e molhou a terra seca.
Acauã levantou voo e sumiu no céu sem revelar seu canto.
Voltaram para o rancho na boca da noite. Maria entrou, enquanto Flor encostou-se no pé da cerca para admirar o espetáculo do céu, carregado de estrelas.
Quando de repente: Sssssss! Sssssss! – Sorrateira, uma cobra se aproximou.
Va-voom! – Surgiu do céu o acauã. Pegou o réptil e voou para uma aroeira.
Flor observou o pássaro, que satisfeito lançou um olhar para Luzibel, uma fada de asas verdes e vestido azul que caia do céu.
Trash! Trá! Prá! – Sem controle sobre as asas a fada desengonçada derrubou, em cima da cabeça da menina, as cuias secas que estavam penduradas na cerca.
- Desculpe! O que posso fazer para me redimir?
- Precisamos de água. O rio está seco e minha mãe chora.
- Bom... minhas asas não me obedecem. Já sei! Aquele acauã vai nos levar até o rio. Vamos! Suba!
Voaram alto e chegaram.
- Agora vou usar minha varinha mágica...Huuum...acho que a perdi. Não faz mal. Que planta é aquela?
- É um mandacaru. – disse a menina.
- Então vá até lá e arranque um espinho. Vai ser minha nova varinha!
Diante da expressão de receio no rosto da garota, por medo de espetar o dedo, a fada disse:
- Bah! Está bem, está bem! Pegue aquele galho seco mesmo! Quem não tem cão caça com gato! – falou Luzibel, enchendo as bochechas e franzindo a testa, com cara de enfezada.
O rio, achando engraçado o jeito da fadinha, começou a rir. Mas riu, riu tanto que passou a chorar de rir. As lágrimas foram em tão grande quantidade, que começaram a inundar o leito e subir, subir até as margens. E mais, fizeram brotar as minas d’água lá no rancho da Maria, que agora ria, ria, ria.
Após deixar a Maria e Flor alegres, a fadinha despediu-se e voltou para as estrelas levada pelo Acauã, que finalmente liberou seu canto!
- Acauã, acauã, acauã...
Jany Patrício
Compartilhe essa obra
Inspiração
Escrever um conto de fadas com inspiração nos locais e personagens brasileiros.
Sobre a obra
Escrevi um conto de fadas brasileiro, utilizando memórias e pesquisas sobre animais, plantas e regiões do Brasil.
Utilizei as figuras de linguagem: Personificação (prosopopeia),
Catacrese e Onomatopeia.
Sobre o autor
Sou apreciadora das artes. Participei de oficina literária, dança indiana, pintura e conclui o curso de atriz.
Autor(a): JANY PATRICIO RODRIGUES (Jany Patricio)
APCEF/SP