João ou Maria?

Maria ou João? Eis a questão.

Era um dia, como tantos outros de atendimento na Caixa. Agência lotada, gente saindo pelo ladrão. Moradores de todas as regiões que circundavam a nossa cidade e até do vizinho estado do Ceará eram atendidos por lá.
Tínhamos, na agência, um colega bastante solícito quando o assunto se tratava de uma bela gaja.
Nesse belo dia, em que o mesmo consideraria um dia afortunado para o uso de seus galanteios, eis que uma bela, acompanhada de sua mãezinha, levanta-se faceira ao ouvir chamar pelo número de sua senha. Morena, cabelos longos, negros, bem penteados, maquiagem bem feita, tinha um semblante de alguém com fino trato. O colega, que aqui vou dar-lhe o pseudônimo de garanhão da 020, assim intitulávamos todos os mancebos interessantes que eram nascidos ou descendiam daquela região do semiárido piauiense.
Deu-se início ao tão esperado atendimento. Solicitação de documentos, originas e cópias. Original e cópia? Que é isso? Trouxeram mal a original, mas o que era uma simples cópia diante de tão bela pessoa que ali se apresentava. Bem rápido o mancebo se prontifica e providencia com toda solicitude, todas as xerox. Todas não é bem a palavra correta, pois ainda faltou o comprovante de residência. Mas sem problemas, pois, à época, o mais comum era ficar devendo documentos. Conformidade? O que era isso? Tinha era que contratar, fosse como fosse.
Pois bem, conversa vai, conversa vem e o interesse mútuo só crescia. Eu, no meu canto, percebi que algo naquela conversa não iria terminar como o bonitão da 020 estava pretendendo, mas me pus quieta, até porque eu estava torcendo para ver o desfecho do embrolho. Empréstimo finalizado, mais conversa vai, conversa vem, e chega o momento da assinatura do tal contrato. A senhorinha, mãe da beldade, diz que não sabe assinar e que trouxe uma procuração. O tal colega ao ler a procuração percebe que a mesma não dava poderes à moça, mas sim ao João Não Sei Das Quantas. E ficou aquele impasse: “eu assino”, “não, você não pode” e notou-se um clima meio tenso entre a Sra. e a bela filha. Foi quando, depois de muita insistência, a senhorinha toca de lado com o braço e fala bem alto: “diz logo que José é você”.
E foi assim que nasceu mais um dos “causos” da Caixa.

Compartilhe essa obra

Inspiração

A obra foi criada com base em vivências nas rotinas de atendimento no ambiente de trabalho Caixa.

Sobre a obra

Narrativa de um acontecimento hilário que eu presenciei em um atendimento na agência em que trabalhei.

Sobre o autor

Não sou muito de escrever, embora, quando o faço, os amigos sempre elogiam a narrativa. Esta é a primeira vez em que concorro com uma tímida crônica. Espero me entusiasmar e "tomar gosto".

Autor(a): ANA MARIA PEREIRA NUNES (Ana Maria (Lalia))

APCEF/PI

Obra não está disponível para votação.