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As escaramuças de um certo Neil
As escaramuças de um certo senhor Neil
Por: Celijon Ramos
Tido ás dos céus, Neil ficou indignado ao ver tanta poeira assentada sobre suas botas Dyneon lunar.
Já em solo lunar, não demorou a se encolher sob aqueles estrambóticos e luminosos trajes. Encolheu-se o suficiente para reentrar no mal-ajambrado rover que zanzava subindo e descendo seus pneus pelas crateras lunar.
Depois de certo tempo, já recomposto, criou coragem para dar mais alguns passos sobre a fofura do pó que tomava conta de toda a superfície. Parecia brincar como criança, arriscando dar leves chutes nos cascalhos. Errava todos chutes e ria ao se ver saltitando, cabaleando até se reequilibrar.
A lua tão prateada, de algum modo, fez com que se sentisse nostálgico. Mas ao chispar de volta à Terra, estava turrão, meio indignado, amargurando um ressentimento, pois pensara que continuaria a passear e talvez até morasse definidamente por lá.
No fundo estava desiludido, porque pressentia que, no futuro, não poderia de maneira nenhuma sentir outra vez aqueles ventos estranhos, e nem sequer poderia novamente pisar por lá.
Foi o que disse a si mesmo pensando alto a bordo da pouco confortável nau lunar. A cena era triste. A Apollo se distanciando e ele, com a vista bem esbugalhada, sentindo um misto de ausência e nostalgia, vendo a nave peremptoriamente se afastar daquele solitário, fantasmagórico, estranho e cativante lugar.
Quem de fato estava definitivamente resignada eram as fortes botas Dyneon, exclusivamente desenhadas para quem se aventurasse pelos quatros cantos, tentando ser visita, como Neil, de algum astro como o lunar.
De volta a Terra, elas estavam triste; encardidas e empoeiradas, sabiam que só voltariam a ver a distante e receptiva amiga em algum pavilhão de feira que exaltasse a lua numa exposição escolar. Não, Neil. Como um enamorado saudoso, diligente, no silêncio da noite diante da janela, ele não tiraria os olhos do magnífico astro lunar. Mesmo bem de longe, faria de tudo para rever os mistérios e encantos que um dia aqueles olhos ternos e tão azuis se arregalaram ao máximo e de tão perto fitaram dentro da cratera lunar. Depois daquele passeio Neil nunca poderia se recuperar. Agora olha pro céu e vê a lua de jeito que ninguém mais pode imaginar.
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Inspiração
A ideia foi revisitar as lembranças da viagem do homem à lua. O conto é construído pela reunião das experiências e fatos do programa que teve a frete o desenvolvimento das naves Apollo.
Sobre a obra
A ideia foi revisitar as lembranças da viagem do homem à lua. O conto é construído pela reunião das experiências e fatos do programa que teve a frete o desenvolvimento das naves
Sobre o autor
Gosto de escrever contos buscando a comunicação com o leitor por meio da criação de micro contos onde a imagem e memória estão presente e sempre em reconstrução.
Autor(a): CELIJON ABREU RAMOS (Celijon Ramos )
APCEF/MA
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