Talentos

A mulher e o trabalho

A Mulher e o trabalho
Mariana é uma jovem mulher que, há dois anos trabalhava como faxineira em várias
casas durante toda a semana. A vida corria bem, seus filhos de 7 e 4 anos estavam na escola e
seu marido, pedreiro, conseguia serviço com regularidade.
Mas, percalços da vida, ele sofreu um acidente e não pode mais trabalhar, justamente
quando ela engravidou outra vez. Mariana manteve a casa sozinha, então, trabalhando até os
últimos dias da gravidez, com os pés inchados e a pressão nas alturas. Mulher organizada, pagou
a previdência e assim recebeu, nos primeiros meses, o auxílio maternidade. Na prática, licença
maternidade para mulheres autônomas em situação de necessidade financeira só dura até que
ela consiga se levantar da cama.
E o mundo não colabora com as mães trabalhadoras. Das casas que trabalhava, apenas
uma lhe permitia levar o filho. O pai da criança, embora em casa, diz não saber cuidar de bebês.
Para a creche pública não havia mais vagas. Com uma faxina fixa semanal e algumas ocasionais,
que conseguia quando podia deixar o bebê com sua mãe, passou aquele ano difícil. Ano passado
conseguiu vaga numa creche do outro lado da cidade. Acorda às 5 horas da manhã para levar o
filho antes de ir trabalhar. Seu marido continua sem trabalho.
Este é um relato, entre milhares de outros Brasil afora, que confirmam os estudos feitos
sobre a sobrecarga feminina, fruto de nossa sociedade patriarcal. Por se submeterem ao
estresse de trabalho em duplas ou triplas jornadas, são as mais atingidas pelas doenças
emocionais em todo o mundo. “As desigualdades de gênero são um obstáculo ao
desenvolvimento sustentável”, afirma o novo relatório da comissão Econômica para a América
Latina e do Caribe (CEPAL). Um dos maiores desafios da desigualdade de gênero no Brasil é a
divisão sexual do trabalho (trabalhos iguais com salários diferentes para homens e mulheres) e
a injusta organização social do cuidado. As mulheres passam três vezes mais tempo dedicadas
ao trabalho doméstico e aos cuidados não remunerados com filhos e doentes do que os homens
e são as principais responsáveis pelo cuidado dos idosos. Estudo do Banco Mundial mostrou que
as mulheres têm apenas 75% dos direitos legais dos homens no mundo.
Os estudos globais apenas ratificam o que a realidade que corre ao nosso lado nos
mostra todos os dias. Qual nosso papel na mudança desse quadro?

Compartilhe essa obra

Share Share Share Share Share
Inspiração

Minha amiga que trabalhava como faxineira passou por situação semelhante e achei necessário falar sobre isso

Sobre a obra

É uma crônica que traz reflexão sobre o papel da mulher. Um olhar sobre o cotidiano

Sobre o autor

Escrevo desde muito jovem. Participei de vários concursos literários durante minha vida,
muitos da FENAE. Aposentei-me em 2017 e desde então tenho me dedicado integralmente à
escrita. Acabo de lançar um livro de crônicas "São outros 50

Autor(a): LUCIANE MADRID CESAR (Luciane Madrid Cesar )

APCEF/MG