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A abdução de Lampião
A abdução de Lampião
Dizem que os extraterrestres
Já tiveram no sertão.
Quixadá é conhecida
A terra de aparição
Esse é só mais um causo,
A abdução do Lampião.
Certo dia, de passagem
Pelas terras do sertão,
Entre matas e veredas,
Com espingarda na mão,
Passava por Quixadá
O bando de Lampião.
Esse bando era formado
Por muito cabra valente,
De Zé Sereno a Corisco,
Um meio mundo de gente.
Maria Bonita estava,
A mulher sempre à frente.
Já era boca da noite,
Depois de longa jornada,
Era tempo de parar
Pra dar uma cochilada,
Procurar então descanso
Numa cama improvisada.
Pra todo lado se via
Uma mata bem fechada,
Então um jagunço viu
Uma área desmatada,
No meio de duas pedras
A tropa estava arranchada.
Todo mundo se arranchou,
Só Lampião não parava,
Pois lá tinha uma pedra alta
Que ao bando amedrontava.
Era costume dizer
Que lá tinha coisa brava.
Lampião, pois então, quis
Naquela pedra subir.
Ele disse: vou sozinho,
Ninguém venha me seguir.
Vou ver Quixadá de cima
Não me façam desistir.
Teve um jagunço que disse:
Valei-me, meu capitão,
O senhor que não tem medo
De entrar numa confusão,
O povo disse que lá
Tem coisa de assombração.
Lampião então respondeu:
Deixe de aperreação,
Não seja frouxo, seu cabra
Eu vou é com proteção.
Você sabe que confio
No Padim Ciço Romão.
Lampião, sem perder tempo,
Não demorou pra chegar.
De repente, estava em cima
Teve tempo de admirar:
Não vejo nada de estranho
Pra ter medo de ficar.
Foi quando, de repente, ele
Se arrumava pra descer
Uma luz desceu do céu
Fez tudo resplandecer
Acertou Lampião em cheio,
O fez desaparecer.
Sem saber se dormiu,
Se foi sonho ou se acordou,
Só sabia que na terra
Uma luz no céu faiscou.
Na carreira de um segundo,
Numa nave ele parou.
Na hora que os alienígenas
Subiram com Virgulino,
Revistaram ele todo
Gostaram do figurino,
Mas tiraram suas armas,
Com medo de ser ferino.
Teve um outro cangaceiro
De apelido Quinta-feira,
Que, antes daquela aventura
Deu a Lampião uma peixeira
Os bichos não encontraram,
Ele escondeu na algibeira.
Veio um bicho no seu rumo,
Com uma cara de zanga,
O olho todo arregalado
E vestido numa tanga
Um bicho que era mais feio
Do que o cão chupando manga.
Espichado numa maca
Lampião se estrebuchava,
Caçava sua espingarda
Em todo canto e não achava.
O bicho chegava perto,
Mas ele não se assombrava.
Só que aquele extraterrestre,
Num momento descuidado,
Lampião lembrou da faca
Que o cabra lhe tinha dado.
Foi quando pegou a peixeira
E ficou todo enfezado.
Só se via era o riscado
De peixeira no salão,
Pedaço de nave caindo,
Voando sem direção,
E Virgulino gritando:
Eu derrubo até o cão!
Os extraterrestres loucos
Mudaram até de cor,
Tinha verde, branco e azul,
Amarelado de horror
Pois não tinham achado ainda
Quem lhes fizesse terror.
A correria foi grande,
Confusão de extraterrestre
No meio de mais de dez,
Tinha aquele que era o mestre
Foi quem disse, enraivecido:
Devolvam esse silvestre!
Sem perder mais um segundo,
Apertaram num botão.
Foi assim que, rapidamente,
Lampião bateu no chão.
Para as pedras retornou,
Estava lá no sertão.
Depois dessa em Quixadá
O bando seguiu arteiro.
Cada qual para o seu rumo,
Lampião foi a Juazeiro
E as galáxias nunca mais
Brincaram com cangaceiro.
Os planetas e galáxias
Que souberam dessa história
Têm medo de cangaceiro
Por conta dessa memória.
Na abdução de Lampião,
Não tiveram a vitória.
Se é verdade ou mentira,
Não sei quem foi que inventou.
Eu só sei que Lampião
Pela peixeira escapou,
Essa é mais uma história
Que o cordel apresentou.
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Inspiração
Veio da fama de Quixadá, com seus monólitos, ser terra de aparições, misturando com as histórias do cangaço. Lampião, uma figura icônica do sertão, com o tema da ufologia foi uma forma de explorar o inesperado em um cenário cheio de misticismo. Minha ideia foi criar uma narrativa que também contribuísse para a preservação da literatura de cordel.
Sobre a obra
Minha obra foi escrita utilizando a técnica da literatura de cordel, composta por 24 estrofes em sextilhas. Cada estrofe tem seis versos com sete sílabas poéticas. As rimas ocorrem nas linhas 2, 4 e 6 de cada estrofe, resultando em uma composição harmoniosa e tradicional.
Sobre o autor
Comecei a escrever cordéis em 2022, influenciado por meu irmão. Escrevo mais sobre o carisma vicentino e a Sociedade de São Vicente de Paulo, instituição católica dedicada à caridade, da qual também faço parte. Vários cordéis foram publicados e também o livro "Cordéis Vicentinos: Entre Versos de Caridade" em versões digital e impressa.
Autor(a): THIAGO PAULINO DO NASCIMENTO (Thiago Paulino)
APCEF/CE
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