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Desencontros de Si
Desencontros de Si
O homem está ali,
mas a mão não alcança o rosto,
o braço, desenlaçado de si,
desfaz-se em sombra,
em traço.
O rosto, esse,
não cabe nos limites do corpo,
foge,
como água por entre dedos,
não sustenta a forma,
não segura o contorno.
Ser é outra coisa,
um esforço inútil
de firmar o que escapa.
Na foto, o tempo liquefaz
o que já é fluido,
não há face, não há nome,
apenas o vento
de um corpo que passa,
sem gravar-se em pedra.
Na lente,
o homem dissolve o que sabe de si
e fica,
o espaço de um gesto,
uma ânsia de fixar
o que o tempo já levou.
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Inspiração
Inspirada no conceito de modernidade líquida de Bauman, refletindo a fluidez e a instabilidade das identidades contemporâneas. A ideia surgiu ao observar como, em um mundo em constante mudança, as pessoas perdem a clareza de si mesmas. A obra busca capturar esse desencontro e a dificuldade de se fixar em meio ao movimento.
Sobre a obra
Com versos secos, para contrastar com a ideia da modernidade líquida, a poesia tenta encontrar um espaço inexistente em ser "é outra coisa" e fica o espaço de um gesto, somos sobreviventes.
Sobre o autor
Gosto de arte e de viver de arte.
Autor(a): JORGE CASTILHO DE ALBUQUERQUE ARAUJO (Jorge Castilho)
APCEF/GO
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