A Cadela Negra

Aqueles dois homens residiam na mesma rua, o mais maduro chegara alguns anos antes, timidamente cumprimentava, mas não ouvia resposta do mais jovem, retraído e introvertido, quando passeava com cachorro, ao se encontrarem no caminho.
O maduro, esqueceu a chave na porta improvisada no portão frontal de sua casa. do lado inteno, travada quando o vento soprou e fechou, isolando-o na parte externa.
Apreensivo tentou transpor a parede e uma cerca elétrica desligada através do portão vizinho sob protesto da moradora que o advertiu por não solicitar prévio consentimento.
Nesse ínterim, por coincidência, como lenitivo para aflição, surge inesperadamente o mesmo homem jovem e oferece socorro, com a promessa de deslocar-se à sua moradia, através do seu celular, solicitar a presença de um chaveiro e após aguardar algum tempo, chegou em seu carro próprio e com habilidade, em segundos, destravou a fechadura para felicidade do distraído morador.
Surgia uma grande amizade, com gratidão do mais maduro e o altruismo do outro que continuava passeando com seus cachorros sempre dóceis inclusive uma cadela negra que dias depois confinada tornava-se feroz, atacando pelas frestas das robustas grades os que passavam defronte pela calçada.
Cético da ferocidade, após sempre manter distância, o agora amigo mais idoso decidiu caminhar próximo às grades e foi mordido causando perfurações com discreta dor e eliminando paulatinmente sangue.
Veio à sua memória casos de raiva causadas por caninos, o impelindo a indagar se a cadela era vacinada, o amigo respondeu positivamente.
Fequentemente em suas caminhadas noturnas acompanhado dos cachorros, havia docilidade; mas depois o amigo mais maduro ao passar à distância percebeu a ausência da cadela negra que se repetiu por város dias; na primeira oportunidade ao encontrá-lo indagou por ela e as respostas foram claras:
- morreu.
- Começaram a aparecer tumores no corpo.
- Levei ao veterinário que diagnosticou câncer e recomendou a eutanásia.
O interlocutor estupefato observou:
- Os animais parecem com os humanos.
Dias depois ao se encontrarem o intelocutor indagou:
- A cadela sentia dores?
O dono respondeu:
-Não.
O interlocutor:
- Vocé a possui desde filhote?
O dono:
- Ela apareceu. Vira lata passou a seguir-me para onde eu fosse. Assim então aceitei.

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Inspiração

fato verídico ocorrido na minha rua.

Sobre a obra

a amizade entre dois moradores e a morte de um animal adotado por doença que afeta os homens onde estes deviam ser mais racionais, éticos, políticos e morais dadas as vicissitudes:a evolução tecnológica e o acúmulo de conhecimento.

Sobre o autor

Eu mediocrimente escrevo sempre que possível.

Autor(a): JOSE RAFAEL DA FONSECA OLIVEIRA (Rafael)

APCEF/SE


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