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O Último Caminho da Sombra
O Último Caminho da Sombra
Noite sem estrelas. Garoa fina. Nas ruas quase desertas, uma sombra caminha sem pressa, com roupas úmidas e cabelos nos olhos. Ondas de dor escapam de seu corpo maltratado: ombros caídos, passos arrastados, olhos opacos e sem vida. Não há esperança ali.
Poucos caminham nas ruas; o tempo os espantou. Ninguém se importa com ela, ninguém parece notá-la. Os carros passam, os sons de buzinas quebram o silêncio, vozes abafadas pelos vidros fechados, irritados pela insensatez da sombra que caminha sem se importar com os riscos.
A lua surge tímida, parece curiosa sobre o comportamento insensato daquela sombra e a segue pelas vias. Para onde ela estará indo? Sua luz quebra a escuridão sem saber que isso ajuda quem caminha. Por um momento, a sombra ergue o rosto: lábios partidos, olhos inchados e vermelhos. O que aconteceu? Se ao menos alguém tivesse olhado para ela e, quem sabe, oferecido ajuda...
O trânsito aumenta, quanto mais perto ou longe ela chega. Perto? Longe? A lua observa; lá do alto, é fácil. O vento gelado que arrepia a pele dos desavisados também parece curioso para saber o destino da sombra opaca que caminha lentamente.
Outra sombra se ergue no horizonte. É para lá que a pequena e maltratada sombra vai? O encontro de duas sombras. Em silêncio, a lua observa e o vento acompanha. A expectativa aumenta. Então, a luz de um poste quebra o mistério da escuridão. A lua ofega em choque: o vestido colado pela fina garoa e o sangue vermelho escorrem pelos tornozelos. De onde eles vêm?
O vento sopra mais forte, revoltado pela imagem que a luz artificial revela...
Passos trôpegos, mãos machucadas, unhas quebradas, joelhos ralados e sapatos manchados de sangue que desce pelas coxas.
A sombra maior a abraça devagar...
Com dor, ela se entrega. Os dedos se apertam no pilar. Sem pressa, ela sobe; as águas escuras lá embaixo chamam por ela. O sorriso doloroso parte seu rosto ao meio.
— Adeus...
(A queda é suave. A dor se apagou.)
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Inspiração
Narrativas e relatos na mídia sobre a experiência de vida de muitas mulheres. Histórias de superação, dor e a luta por dignidade. Uma reflexão com intuito de promove não apenas a empatia, mas também motivar ações e mudanças que visem oferecer suporte e justiça real para todos que enfrentam situações semelhantes.
Sobre a obra
Ao escrever o conto, quis trazer uma atmosfera sombria desde o início, usando a noite, a garoa e as ruas vazias para mostrar a solidão da protagonista. As sombras e a interação com a natureza ajudaram a criar um clima de mistério.
Sobre o autor
Recentemente, comecei a explorar o mundo da escrita, e o incentivo de uma amiga foi fundamental para que eu decidisse me inscrever nesta categoria.
Autor(a): HEDILAINE DE SOUZA SILVA (Hedilaine Souza)
APCEF/RO
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