- Página inicial
- Detalhe obra
Diálogo Pai e Filha
Diálogo de Pai e Filha
Durante a pandemia, minha filha à época com 14 anos me perguntou: como você acha que será o Brasil pós pandemia? Para responder a uma pergunta tão difícil e profunda me socorri em algo que faz parte de mim, apesar de não tocar nenhum instrumento – A MÚSICA!!! Então respondi: Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Mas tudo passa, tudo sempre passará (Lulu Santos).
Todavia, a resposta não foi suficiente para acalmar as angústias da mente adolescente. Minha filha insiste: Mas estou confusa, inquieta com tudo isso. O que fazer? De novo, Legião Urbana e Gabriel o Pensador me socorrem com as músicas Teatro dos Vampiros e Chega, respondo: Eu sei que é sufocante, desgastante. “A cada hora que passa envelhecemos dez semanas”. “Tudo aumenta, menos a esperança”.
Essa angustia e preocupação porque passamos é sinal de humanidade. Peçamos a Deus que a dor e a injustiça não nos seja indiferente - Mercedes Sosa (Eu só peço a Deus). Também, devemos aprender com os sábios da música popular brasileira, como, Paulinho da Viola, que nos ensina: Faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar.
A metralhadora de minha filha continua apontada para mim, e ela dispara: Como deixamos isso chegar a esse ponto? Coço a cabeça e respondo ...A gente não sabemos tomar conta da gente...a gente somos inúteis, é só o que tenho a dizer, relembrando a banda Ultraje a Rigor.
E quem mais sofre são os mais desfavorecidos? Minha filha pergunta. Respondo com o hit dos anos 90, do grupo musical As meninas: Sim, é a tal da cadeia hereditária: onde o rico cada vez fica mais rico e pobre cada vez fica mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece, e que o de cima sobe e o de baixo desce.
Minha filha, em suas reflexões diz que parecia que tínhamos condições de nos sair melhor, o que me faz pensar nos políticos do País e em sua incongruência estrutural, como diz a música Dedo na Ferida: É a mando de quem fala de Deus e age como satanás - Uma lei - quem pode menos, chora mais.
Na revolta de sua juventude, minha filha acrescenta: é muita insensibilidade e descaso. Me sentindo triste, tenho que concordar e novas músicas dançam na minha mente para colocar em palavras os sentimentos que me invadem e respondo com Engenheiros do Havaí - É tão fácil ir adiante e esquecer que a coisa toda tá errada; Bezerra da Silva (O Vírus da Corrupção) - Depois perde a credibilidade, a moral e o pudor. Tira o pão da boca das crianças, do aposentado e do trabalhador; Emicida (Dedo na Ferida) - É só um pensamento, bote no orçamento. Nosso sofrimento, mortes e lamentos, Forte esquecimento de gente em nosso tempo.
Minha filha, me surpreende ao dizer, parecendo minha Mãe que temos que nos apegar a Fé. Sim, filha, mas não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta. Não adianta olhar pro chão. Virar a cara pra não ver, como canta Gabriel o Pensador (Até Quando!).
Nesses meus, 14 anos, não tinha visto ainda as pessoas tão tristes e perdidas. É filha, como diz Chico Buarque, na Música, Apesar de Você e Meu Caro Amigo “A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu”; “Mas o que eu quero lhe dizer que a coisa aqui está preta”.
Mas temos que agir!!!, grita a jovem! Tem razão, nada de correr da raia. Nada de morrer na praia. Nada, nada, nada de esquecer, pois desesperar jamais como nos lembra Ivan Lins, com sua música Desesperar Jamais. Afinal, nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será, como cantou o nosso querido e saudoso Gonzaguinha.
Compartilhe essa obra
Inspiração
Através das inquietudes e reflexões no período de isolamento Social .
Sobre a obra
Diálogo entre Pai e Filha sobre o desenrolar de um período critico do país. Aproximação e trocas de gerações.
Sobre o autor
Mineiro-Capixaba e amante da VIDA
Autor(a): JOAO CARREIRO RIBEIRO (Carreiro)
APCEF/ES
Essa obra já recebeu votos de 3 pessoas
Essa obra já recebeu 15 votos (com peso)