Pouca comédia

Pouca comédia

A brisa alentadora que soprava do mar,
Espalhando o mormaço na tarde, incessante
Trazia-me seu nome, sussurrante
E sua voz doce para me enlevar.

Seu rosto delicado que não me cansava olhar
Eu evocava com força tal, soluçante
Que à brisa se misturava um cheiro provocante
O qual já sentira do seu corpo exalar.

Nesta ilusão doentia, deitado à beira-mar,
Eu observava o oceano bramir possante
E bem a imaginava ali, acalmar tal gigante
E bem a queria ali, abrandar meu penar.

Nas noites iluminadas da cidade sob o luar
Eu lhe buscava inebriado, passo errante
Que muitas vezes me levava como a Dante
Encontrar indícios de a você me levar.

Era você, então, Beatriz a me guiar
E a cidade bem se prestava, aliciante
A vezes de inferno ou céu da minha amante
Que eu deveria seguir, luz a me iluminar.

Como a amada do poeta você era de brilhar
E, como o florentino encontrei-lhe ofuscante,
De tal forma superior e distante
Como se fora fragmentos do próprio luar.

Ora, mas o poeta entendeu de se subestimar
Vendo sua amada gloriosa, radiante,
Mas eu, mortal sem muito apreço, não obstante,
Não tive maiores distúrbios por lhe amar.


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Inspiração

Quando tinha dezoito anos mudei-me para Recife a trabalho onde fiquei apenas um ano, deixando uma moça por quem tinha grande atração.
Na ocasião a comunicação mais usual era através de cartas e trocávamos inúmeras, carregadas de paixão.
Soube depois que ela se prestara apenas a se divertir.
Pouco depois resolvi fazer o poema.

Sobre a obra

Trata-se de um poema de quadra regular do tipo lírico.

Sobre o autor

Sou aposentado da Caixa desde 2017 e sempre gostei de escrever.

Autor(a): LUIZ COELHO DOS SANTOS (Coelho)

APCEF/MG


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