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PERSPECTIVAS
TÍTULO: PERSPECTIVAS
Era um dia claro e ensolarado no Parque Central, onde as árvores balançavam suavemente ao vento e as famílias desfrutavam de momentos ao ar livre. O parque, geralmente sereno, estava prestes a ser palco de uma história contada a partir de múltiplos pontos de vista, tecida com equívocos e percepções diversas.
Ato I – Apresentação
As crianças correram na frente, suas risadas ecoando pela entrada do parque. Malu e Dudu, inseparáveis, já planejavam a aventura do dia.
— E aí, Dudu? Qual vai ser nossa aventura hoje? — perguntou Malu, animada.
— Vamos imaginar algo... Quero ser um super-herói! — respondeu Dudu, os olhos brilhando com a ideia.
A cena parecia comum, mas logo outros personagens foram entrando no parque, cada um com sua própria missão. Uma jovem leitora de livros passou calmamente pela entrada, seus olhos focados no romance que carregava. Em seguida, a mãe das crianças, já um pouco atrás, apressou-se.
— Meninos, esperem por mim! — chamou ela, preocupada em perder os dois de vista.
Logo em seguida, um homem com uma mochila nas costas entrou, seus passos rápidos e uma expressão tensa em seu rosto.
— Isso! Hoje a gente realiza o que planejou! — falou ele ao telefone, concentrado.
Por último, o segurança do parque entrou, observando os arredores com um olhar atento e profissional. Ele parou por um instante, olhando de um lado para o outro, antes de afirmar em voz firme:
— QAP .
As vidas desses personagens, até então desconectadas, estavam prestes a convergir de maneiras surpreendentes.
Ato II – Aventura
O som de uma bola de futebol ecoou quando Dudu a chutou com força.
— Devagar, Dudu! Você está jogando a bola muito longe! — reclamou Malu, após ter pegado ela.
— É porque sou muito forte! — respondeu ele, orgulhoso.
Malu devolveu a bola e Dudu a arremessou novamente com força, lançando a bola longe novamente.
— De novo, Dudu?! — reclamou Malu, revirando os olhos.
Enquanto pegava a bola, algo capturou sua atenção, ouviu uma voz.
— É uma bomba cara! Aqui no Parque Central!
O coração de Malu acelerou. Ela olhou ao redor e viu o homem abraçando uma mochila como se guardasse um segredo importante. Assustada, correu de volta até Dudu e sussurrou:
— Dudu, você ouviu? Aquele homem disse que tem uma bomba! Acho que vai explodir aqui!
Empolgado com a ideia de uma aventura emocionante, Dudu começa a especular com Malu sobre o que o homem poderia estar planejando explodir. Sua mente corre solta com teorias mirabolantes, imaginando que o homem poderia ser um agente secreto ou um super-herói enfrentando um vilão perigoso.
— Imagina só, Malu! Ele deve ser um agente secreto! (disse ele, pegando um sapato e imitando um telefone, remetendo ao personagem de espionagem, Agente 86). Ele descobriu alguma coisa muito importante e agora está aqui no parque para desativar a bomba e salvar o mundo!
Malu, apesar de preocupada, não pôde deixar de rir.
— Nossa, Dudu, você sempre inventa as melhores histórias!
— Talvez ele precise da nossa ajuda para derrotar os vilões. — disse Dudu, os olhos brilhando.
Determinado a se tornar um herói, Dudu chama Malu e correm até o homem misterioso. Ele ainda estava ao telefone, com a mochila ao seu lado, e parecia completamente alheio ao que as crianças imaginavam.
— Ei, moço... — disse Dudu ao homem.
— Ei, moço... — disse Malu ao homem — A gente ouviu você falando sobre uma bomba aqui no parque. Precisa de ajuda?
O homem, visivelmente surpreso, sorriu.
— Uma bomba? Não! Fique tranquila. Isso é só um negócio do meu trabalho.
Malu e Dudu se entreolharam, mas ainda intrigados.
— Ah, entendi... Bom, se precisar de ajuda para salvar o parque, estamos aqui! — disse Malu, determinada.
— Muito obrigado crianças. É muito bom ver jovens tão dispostos a ajudar, assim como vocês! Toque aqui! — Estendendo a mão de punho fechado para que as crianças encostem suas mãos na dele.
Com o coração “a mil por hora”, os irmãos tocaram o punho dele e voltaram a correr, rindo e brincando com a bola. Mas a imaginação continuava fértil. Mantinham o homem sob vigilância, imaginando que ele poderia estar em uma missão muito secreta.
— Vamos ficar de olho nele. Se algo acontecer, estaremos prontos para agir! — disse Malu, em tom de segredo.
Dudu concordou, já se sentindo um herói.
— Isso mesmo! Vamos ser os heróis do parque!
Enquanto continuavam a brincar, observaram o homem ao longe conversando com uma mulher que havia acabado de se aproximar. Isso acendeu ainda mais a imaginação dos dois.
— Dudu, parece que ele não está sozinho na missão! Ele está fazendo contato com aquela mulher! — Malu comentou, cheio de teorias.
— Deve ser a ajudante dele! — Dudu deduziu, se envolvendo na fantasia criada por ele mesmo. — Vamos continuar de olho! — Disse Malu.
Eles estavam tão envolvidos em suas fantasias que nem perceberam a aproximação da mãe, trazendo lanchinhos.
— Filhos, trouxe um lanchinho para vocês! — chamou a mãe, sorrindo.
Malu, com os olhos arregalados, correu até ela e exclamou:
— Mãe!!! Você nem imagina o que está acontecendo aqui no parque! Aquele homem ali (apontando para o banco) parece ser um agente secreto! Ele está com uma mulher para desativar uma bomba!
Dudu rapidamente corroborou a história da irmã.
— É verdade! Malu escutou ele falando que tinha uma bomba aqui!
A mãe franziu o rosto, confusa, abriu os olhos e disse:
— Como assim? Que bomba? Que homem? Onde?
— Posso ajudar? — perguntou, parecendo intrigada, a mulher que estava lendo um livro próximo. — É sobre aquele homem? Bem que achei que havia algo de estranho com ele.
A mãe das crianças, agora completamente atenta à possibilidade de algo perigoso, falou convicta:
— Meninos, vamos sair daqui agora! Vou avisar ao segurança.
— Eu também vou — disse a leitora, já caminhando ao lado dela.
Ato III – Preocupação
A leitora, absorta em seu livro, percebeu o que parecia uma interação suspeita entre as crianças e o homem. Seus olhos se estreitaram enquanto ela tentava decifrar a cena à distância. Algo a perturbava, e seu instinto lhe dizia que havia algo errado.
Ela fechou o livro, relutante, e foi até o homem.
— Senhor, percebi uma movimentação estranha aqui sua com aquelas crianças. O que está acontecendo? — disse, sua voz carregada de desconfiança.
O homem, um pouco alarmado, já preocupado, respondeu.
— Ah, está tudo bem. Agradeço sua preocupação. Estou aqui lidando com algumas questões de trabalho e as crianças só vieram pegar a bola que estavam brincando, aqui perto.
Sofia franziu a testa, ainda desconfiada.
— Espero que tenha sido só isso. Estou de olho.
Ela voltou ao seu banco, mas sua inquietação não desapareceu. Pouco depois, ao ver a mãe das crianças agitada, Sofia se aproximou deles.
— Posso ajudar? — perguntou ela — É sobre aquele homem? Bem que achei que havia algo de estranho com ele.
Meninos, vamos sair daqui agora! Vou avisar ao segurança.
— Eu também vou — Disse a leitora, decidida a não deixar as coisas correrem soltas, os acompanhou.
Ato IV – Revelação
No banco de um parque ensolarado, Alfredo, o homem com a mochila, estava exausto. O jornalista, sempre imerso em suas investigações, discutia com seu editor sobre a grande matéria que estava prestes a divulgar. Seu tom, embora controlado, carregava uma tensão latente, evidenciando a importância do que estava prestes a ser revelado
— Alfredo? E investigações? Conseguiu algo? — perguntou o editor.
— Sim. Tenho uma notícia bomba em minhas mãos. Essa revelação vai dar o que falar! O impacto vai ser significativo! — respondeu Alfredo, referindo-se à importância da notícia que tinha acabado de desvendar.
Do outro lado da linha, o editor, cético, reagia com surpresa:
— Mas é uma bomba mesmo?
Alfredo riu.
— Sim! É uma bomba cara! Respondeu.
— Você está onde agora? O editor perguntou, a curiosidade aumentando.
— Aqui, no Parque Central. Respondeu Alfredo, olhando ao redor, tentando relaxar um pouco enquanto aguardava a próxima pergunta
— Fala aí, fiquei curioso!
— Lembra daquele executivo que a gente estava investigando há dois meses...
— Isso. Agora a gente só tem que ter o cuidado de preservar nossas fontes. — Reforçou Alfredo.
— Sem dúvida. Endossou o Editor.
Foi nesse momento que ele foi interrompido por uma voz infantil:
— Ei, moço... — chamou uma voz tímida.
Alfredo franziu a testa e olhou para o lado. Dois garotos, provavelmente irmãos, estavam parados à sua frente, com expressões curiosas e um tanto nervosas.
— Espera só um momento, tem uns garotos aqui falando comigo — Alfredo disse ao editor.
— A gente ouviu você falando sobre uma bomba aqui no parque. Precisa de ajuda? Perguntou ela, a voz cheia de uma inocência.
— Uma bomba? Não! Fique tranquila. Isso é só um negócio do meu trabalho. Disse Alfredo.
— Ah, entendi... Bom, se precisar de ajuda para salvar o parque, estamos aqui! — disse Malu.
— Muito obrigado crianças. É muito bom ver jovens tão dispostos a ajudar, assim como vocês! Toque aqui! — Estendendo a mão de punho fechado para que as crianças encostem suas mãos na dele. Eles tocaram sua mão, satisfeitos, e voltaram a brincar, correndo pelo parque.
Alfredo sorriu enquanto observava as crianças se afastarem. Voltando ao telefone, ele ainda estava achando graça da situação.
— Você nem imagina! Surgiram uns garotos falando sobre uma bomba aqui no parque. Já pensou? É melhor a gente parar por aqui e...
Antes que pudesse terminar a frase, uma mulher, com passos firmes e uma expressão preocupada, se aproximou com desconfiança.
— Senhor — a mulher começou, seu tom agressivo e direto. — Percebi uma movimentação estranha sua com aquelas crianças. O que está acontecendo aqui?
Alfredo levantou-se lentamente, um tanto surpreso pela abordagem.
— Ah, está tudo bem. Agradeço sua preocupação — disse ele, tentando ser o mais educado possível. — Estou aqui lidando com algumas questões de trabalho, e as crianças só vieram pegar a bola que estava perto de mim. Nada de mais.
A mulher estreitou os olhos, como se ainda não estivesse totalmente convencida.
— Espero que tenha sido só isso mesmo. Estou ali lhe observando! — advertiu ela, apontando para um ponto distante onde estava sentada.
Alfredo concordou, sentindo o clima pesar ao seu redor.
— Pode ficar tranquila. Agradeço sua preocupação — repetiu, tentando manter o tom calmo, enquanto a mulher se afastava.
De volta ao telefone, Alfredo já não conseguia manter o mesmo tom descontraído de antes.
— Alô? Rodrigo? Alô! — a ligação havia caído, e ele tentava desesperadamente restabelecer o contato. Depois de algumas tentativas frustradas, finalmente conseguiu.
— Alô! O que está acontecendo aí? — perguntou o editor, intrigado com o silêncio repentino.
Alfredo bastante preocupado, sentindo uma leve tensão no ar.
— Fui abordado há pouco por uma mulher. Ela achou que havia algo estranho entre mim e as crianças. Agora estão todos me olhando. Acho que preciso sair daqui.
Rodrigo tentou acalmá-lo.
— Relaxa! Não há nada com o que se preocupar. Foi só um mal-entendido.
O homem mal sabia o que estava prestes a acontecer quando, minutos depois, foi abordado pelo segurança do parque, que, alertado pelas suspeitas da mãe e da leitora, pediu para revistar sua mochila. Após muita confusão, Alfredo foi liberado, mas o mal-entendido já havia se espalhado.
Ato V - Conclusão
O Parque Central, outrora um simples espaço de lazer, tornou-se um cenário para diferentes histórias que se cruzaram e geraram uma teia de mal-entendidos. As percepções moldam a forma como cada indivíduo interpreta o mundo ao seu redor, e a linha entre imaginação e realidade pode ser tênue, especialmente aos olhos de uma criança.
Cada personagem viveu uma versão diferente de uma mesma situação. E, no fim, a estória nos lembra que, antes de tirarmos conclusões, vale sempre a pena buscar entender todas as perspectivas.
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Inspiração
Ao produzir um vídeo, faz-se um roteiro primeiro. Então surgiu a ideia de adaptar esse roteiro a um conto, já que havia todos os elementos para tal, como, personagens, tempo, espaço, enredo e conflito.
Sobre a obra
Mostrar como as diferentes perspectivas moldam a interpretação de um mesmo evento. As circunstâncias, as imaginações, são elementos que contribuem para que pessoas de diferentes gerações reajam de maneiras diversas às mesmas situações, refletindo a diversidade de experiências e perspectivas na sociedade.
Sobre o autor
Amante das artes em geral. Sou um entusiástico por fotografia e vídeo. Desde a infância que tenho inclinação por essas artes, que me acompanham no dia a dia, com a família, no trabalho, nos eventos, nos passeios. Explorando agora a Literatura, interligado com a criação de roteiro de filmes.
Autor(a): JOSE GIL CABRAL DE SOUZA (Gil Cabral)
APCEF/PE