AMIZADE VERDADEIRA

Amizade Verdadeira



Amigos na adolescência, companheiros de bailes, de jogos de futebol e de pescaria, uma dupla que se destacava no grande grupo devido a amizade verdadeira mais participativa. Logo após ao casamento de um deles, o outro amigo o visita anunciando ter perdido a mãe que partiu para o Oriente Eterno. Por razões fúteis, se desentendeu com a única irmã. Nesta contenda, restaram os parentes mais distantes. Ficou sem norte. Pra culminar, trabalhava em uma firma de elevadores e foi demitido. Houve um descuido entre os colegas de trabalho: um motor caro teve um abalo vindo trazer sérias avarias. Ele pagou o "pato" e o demitiram. A vida do amigo, a sua visão, tinha se tornado um caos. Estava muito difícil conseguir trabalho. Tinha de tomar severa atitude. Determinado, foi à casa do amigo próximo para dar notícia da decisão tomada: iria para São Paulo. Tudo já estava devidamente planejado. Comentou sobre uma pequena dívida que tinha com o amigo, afirmando que iria pagá-la tão logo possível. O amigo, acompanhado de sua esposa, ouviu e entendeu aceitando a decisão. Entre risos e realidades, comentou estar com pouco recurso financeiro, o que não surpreendeu ninguém. Ele nunca se preocupou com o depois, pois era esbanjador. Sempre que lhe "sobrava" uma economia, se dirigia ao Restaurante Treviso no Mercado Público (local conhecido na época como de encontro de artistas visitantes na capital rio-grandense). Lá serviam o melhor risoto da cidade. Vivia o momento quanto ao futuro, dizia: a Deus pertence. Avaliando naqueles momentos de despedida, possíveis dificuldades por qual o amigo passaria, tirou do pulso um relógio de boa marca que ostentava como relíquia, passando ao amigo que se despedia, lhe dizendo: - Esta lembrança minha te acompanhará. Use-a como entender. Certamente será útil. O presenteado agradeceu, mais abraços, expressou manifestações de esperança e seguiu seu rumo. Quatro anos se passaram sem notícias. Em um final de semana, uma Kombi com três passageiros estacionou na frente da casa do amigo. Era a condução do amigo viajante, estava acompanhado de sua esposa e um filhos. Ambos contentes, confraternizações, famílias apresentadas (ambas famílias tinham um filho). Contou em rápidas palavras seus caminhos trilhados, tropeços e acertos.
Antes da despedida, cuidadosamente abriu um estojo envolto em um tecido de veludo azul, dignamente bem cuidado, onde estava o relógio. Relatando que o relógio o salvara algumas vezes em situações muito difíceis. Descrevendo sua habilidade nas negociações, empenhava-o, depois o resgatava. Após mostrar os cuidados com o presente, recolocando com cuidado no lugar de antes e comentou: - vai me acompanhar pelo resto da vida. Despediu-se e conduzindo a família ao seu veículo. Nunca mais se teve notícias. Décadas se passaram, a família que ficou, crescendo em evolução, mudou de endereço diversas vezes, inclusive morando em outras cidades no mesmo estado. Nos dias atuais, no endereço mais recente, chega uma correspondência incomum constando nome e endereço correto do destinatário corretamente. O endereço do remetente estava ilegível, sem possibilidades de identificação. Cautelosamente, o amigo acompanhado de sua família que estava curiosa, abriu o envelope. O conteúdo manifestava um texto bem escrito de elevado respeito de toda família ao amigo, agora mais distante. O destinatário entendeu ser escrita pelo(a) primogênito(a). Nas referências constavam manifestações e o respeito da família, In memoriam, registraram toda a vontade do pai que deixou especificado seu último registro: - Te disse que teu presente me acompanharia por toda vida. Agora permanecerá com minha família, grande abraço, meu amigo, meu irmão.
"Grata surpresa que a vida nos dá"

O Veio.

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Inspiração

Experiências vividas, talvez mencionar que sempre há esperança.

Sobre a obra

momentos

Sobre o autor

Há, talento? disfrutar a vida tanto enquanto possível, seja no dia a dia ou nos bons momentos a recordar.

Autor(a): PARANAGUA DA SILVA CESAR (VEIO)

APCEF/RS


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