O QUE

O QUE


Meus versos não convincentes mergulham no sem fundo do delírio e emergem tortuosos.

Atordoado arremeto-me entre temores, dores, desvãos, desvios, indefinição , marcos de inconsequências em estradas escaldantes e desertas com ruínas em feitios de fome, solidão e o caminho que mais rápido se confunde com a velocidade da paisagem ignorada.
Dias ácidos. Noites Insones. Tudo isso deveria ser algo transitório. Em vez disso, é um cenário que não se renova onde me percebo como um cão viciado no movimento em torno do próprio rabo.
Basta !
Para que serviria um verso ainda que original ou mais um notável poema em meio ao caos e o tumulto individual ou coletivo ?...De que adianta a irreverência que desembarca no porto dos alienados?
Agora a pouco a ousadia era algo com certo charme e se mostrava íntima da exuberância, salto com graça, quase sinônimo de ação por necessidade com brilho e lucidez inquestionáveis. Agora, nos entretemos em combates com nossos inimigos na face sombria e oculta da lua, reverentes às canções de boçais incentivadores da prostituição juvenil e da criminalidade blindada pela hipocrisia , seguimos muito seguros da nossa altivez de pessoas bem articuladas…
Substitui-se a força lírica, a eloquência, o voo da imaginação pelo aviltamento das idéias comportamentais mais lucrativas; o extermínio da memória não causa qualquer tipo de conflito quando a urgência maior é causar danos e dores porque isso é mais fácil. Destruir sempre foi muito mais fácil...

Agora nosso grande desafio se reduz a desenvolver a habilidade de lutar contra muriçocas e aprimorar desculpas para peidos que escapam sorrateiros de laboratórios da mediocridade , fingir é imperativo…e sobretudo é fundamental que a interconectividade psíquica também não saia do nível pífio e superficial das discussões
egóicas.

Acadêmicos em tudo versados, vestem seus fardões se entreolham e disfarçam; juízes, militares, politiqueiros, doutores de toda ordem e todos enfim parelhados sobre ou sob a canga, fingem e avançam conectados rumo a um suposto controle salvador de considerável impacto que contudo mantenha certas coisas como sempre estiveram.

Amores sem neurose, prazer sem culpa , aprimoramento emocional, coragem, dignidade, vigor da criatividade ; tudo isso agora é troféu empoeirado na prateleira. O sonhar é medíocre e rasteja em meio às referências estúpidas e grosseiras do senso inconsciente comum. O solo é pantanoso. Caminhar pensando é quase um ato suicida. O tempo é de intenso e assombroso estío; e o silêncio embora muitas vezes conveniente não é sinônimo de cura, pelo menos não por agora.
Antes que seja declarada a vitória do medo e a alegria silencie…
que a arte nos inspire um sentimento no corpo e na alma capaz de produzir a incineração de tudo que oprime e finge manter a calma. Ainda que sob intenso pranto, há que se ressignificar a hemorragia com o que restou de sobriedade e, talvez, depois o verdadeiro silenciar seja mais que tão somente o espanto ante o inconcebível e
possa acender significativa eloquência e resgatar o sentido das palavras, o significado esquecido, a força elucidativa, a direção com alegria e liberdade; penso que seria menos uma santificação falsamente massificada e mais para o irromper da humana sanidade; aprendizado para a complexa amplitude emocional, múltipla linguagem, Debate e Nexo, Dialetos, Dialética, exercício de expressão, morte da morte e sua falsa retórica de solução
Revolver em vez de revólver e Plantar a semente novaMente.
Em vez da cosmética. Cosmoeticamente o que precisa ser.

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Inspiração

AS INTERROGÇÕES QUE INVADEM NOSSO TERRITÓRIO MENTAL ÀS VEZES SÃO TÃO INQUIETANTES QUE NÃO NOS SATISFAZEMOS COM QUALQUER RESPOSTAS DADAS DE MODO IMPROVISADO E RASTEIRO.
UMA DESSAS PERGUNTAS QUE ME TOMA POR MADRUGADAS INSONES É : QUANDO VIVEREMOS COSMOETICAMENTE ? SERÁ QUE OS VERSOS ACALMAM ENQUANTO NÃO HA RESPOSTA ?

Sobre a obra

TENHO OPTADO PELA CONSTRUÇÃO DO VERSO LIVRE COM APOIO ESTRUTURAL DE UMA MODELAGEM QUE SEJA EMINETEMENTE DISCURSIVA E TRAGA PARA QUEM DECLAMA OU FAZ LEITURA POÉTICA UM MATERIAL COM POTENCIAL INTERPRETATIVO E DE FORTE APELO TEATRAL.

Sobre o autor

SOU LUDOVICENSE DE NASCIMENTO E RESIDO EM PERNAMBUCO DESDE 1982 . NESSES 64 ANOS DE EXISTÊNCIA DOS QUAIS 35 FORAM DEDICADOS AO TRABALHO NA CAIXA, MANTIVE FORTE AFINIDADE COM A EXPRESSÃO ATRAVÉS DA POESIA COMO FORMA DE OLHAR PARA MEU SER E PARA AS PESSOAS E FATOS AO MEU REDOR BEM COMO PARA ALÉM DO QUE ESTÁ APARENTE E PERCEPTÍVEL AOS SENTIDOS.

Autor(a): JOAO NASCIMENTO SOUZA (ENES DE SOUZA)

APCEF/PE


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