REDE NA VARANDA

Sempre gostei de uma rede na varanda da casa, achava bonito ter uma bem colorida naquele espaço da casa, servia para ler um livro, ouvir uma música, conversar com os amigos e pessoas da família em momentos de bons papos, muitas estórias contadas e ouvidas, enfim, relaxar o corpo e a mente tirando uma boa soneca. Era isso, entre tantas cadeiras, tamboretes, mesas e plantas, estava lá a minha rede, linda e imponente, às vezes, ficava tanto tempo armada na varanda que minha Mãe chegava e dizia:
-Preciso tirar ela prá lavar, já está com o desenho do seu corpo, tá suja, vamos levante-se!
Mas, era assim mesmo, a rede parece que molda nosso corpo, é flexível e acompanha cada curva e limites dos nossos braços e pernas, como se fosse uma membrana de proteção e aconchego.
Talvez só quem tenha tido o hábito de conviver no interior do Nordeste saiba a importância e o valor de uma rede armada numa varanda, isso aprendi com o meu Avô na minha infância, quando deitado numa rede à noitinha, contava estórias para os Netos que ficavam amontoados em uma rede grande ouvindo as estórias de assombração e morrendo de medo.
Hoje, morando sozinho, deito em minha rede na mesma varanda, no silêncio da ausência das pessoas, dos amigos, dos familiares que estão distantes, encontro o aconchego na minha rede amiga, companheira e observo ao redor da varanda, as plantas, trepadeiras, florais, samambaiais, aves voando e ninhos que descobri em frestas do telhado, nestes momentos de solidão, imagino minha rede como uma grande Canoa me transportando num rio conhecido, mas, sempre descobrindo novas Paisagens e, lentamente, tiro um cochilo com a felicidade de uma criança encantada com a vida, navegando num rio calmo contemplando as belas paisagens em cada curva do rio.