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"ASAS DA SOLIDÃO DIGITAL"
"ASAS DA SOLIDÃO DIGITAL"
Ontem, no aeroporto, vi uma cena que parecia saída de um quadro surrealista. Uma família inteira - pai, mãe, dois filhos adolescentes - sentada lado a lado na sala de embarque, cada um com o rosto iluminado pela luz azulada de seus smartphones. Estavam tão próximos fisicamente e, ainda assim, a quilômetros de distância.
As turbinas do avião ao lado rugiam, prontas para decolar, mas o verdadeiro barulho estava no silêncio ensurdecedor daquela família. Pensei em quantas conversas poderiam estar acontecendo, quantas histórias poderiam ser compartilhadas naqueles momentos antes da viagem.
É curioso como nos conectamos com o mundo inteiro através dessas pequenas telas, enquanto nos desconectamos das pessoas ao nosso lado. Curtimos fotos de desconhecidos, mas perdemos o sorriso do nosso filho. Comentamos em posts de amigos virtuais, mas esquecemos de perguntar como foi o dia da nossa mãe.
As luzes coloridas refletidas no chão do aeroporto me lembraram dos filtros do Instagram - tudo parece mais bonito, mais vibrante. Mas a realidade, sem filtros, está bem ali, ao alcance das nossas mãos, se apenas ousássemos largar os telefones por um momento.
Enquanto o céu se tingia de dourado lá fora, pensei em quantos pores do sol perdemos enquanto rolamos infinitamente nossas timelines. As turbinas giravam, prontas para levar aquela família a um novo destino. Mas me perguntei: para onde realmente estamos indo quando nossas mentes estão sempre em outro lugar?
O avião decolou, levando consigo aquela família e suas conexões wi-fi. Fiquei ali, refletindo sobre nossas próprias turbinas digitais, que nos levam para longe mesmo quando estamos parados. Talvez seja hora de desligar os motores, nem que seja por um instante, e redescobrir a viagem mais importante: aquela de volta para as pessoas ao nosso lado.
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Inspiração
A ideia surgiu ao observar famílias em aeroportos, todos conectados aos seus dispositivos, mas desconectados entre si. O contraste entre a tecnologia que nos une a distância e nos separa de perto me intrigou. Quis explorar essa ironia moderna: estamos mais conectados que nunca ao mundo virtual, mas muitas vezes perdemos as conexões reais.
Sobre a obra
Usei a metáfora do aeroporto para simbolizar nossa jornada digital. Empreguei descrições vívidas e contrastes para destacar a ironia da situação. O tom reflexivo e levemente melancólico visa provocar uma autoanálise no leitor. Busquei um equilíbrio entre observação crítica e empatia, convidando à reflexão sobre nossas interações diárias.
Sobre o autor
Um apaixonado pelas belezas da natureza, pela musica, pela imagem, pela arte.
Autor(a): ALEX SANDRO CARVALHO DE JESUS (Alex Jesus)
APCEF/ES
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