Ele deu uma gargalhada que estrondou pela sala..Virou a cabeça lentamente para mim e vi seus olhos caírem pela face. Pude ver, pelo buraco dos seus olhos, mil vermes a borbulhar numa luta sem precedentes, pelos seus miolos. Fervilhavam e devoravam.
Passivamente olhava, sabia que já havia gastado o último cartucho. Não tinha como matá-lo de vez.
Só me restava lentamente observar sua morte. Toda a sua dor sem poder gritar, já haviam devorado sua boca...e eu não pude lhe dar o último beijo.
Tudo em ti é nojo e meu estômago começava a embrulhar. Quis fugir para não ver, mas fui obrigada a ficar imóvel.
Lentamente tombando, caiu de joelhos, fazendo gestos com as mãos desesperadas, tentando agarrar algum minuto de vida ou diminuir sua dor.
A pele se arrancava dos ossos, podre como lepra.
Seus enormes dentes não davam um sorriso, ao contrário, se retorceram num arco de choro.
Tentou se levantar (talvez se jogar pela janela) mas seus pés já estavam comidos.
Nada, nada resta a não ser aguentar tua própria dor, engolir seus vermes, sufocar seus gritos..tombar devagarinho para os ossos não estralarem no assoalho limpo.
Peguei a pá do lixo e recolhi as poucas cinzas que restaram,
enviarei para alguém que sentirá tua falta mais do que eu.
Depois concluí: está morto! Nada resta a fazer.