O Jereba e o Passarim

O Jereba e o Passarim

Antonio Carlos brasileiro
Em mil novecentos e noventa e quatro
Em um oito de dezembro zombeteiro
Quis padecer longe do corcovado.

Se já cantava Dindi há um tempão,
Nas vindas e idas pro Aeroporto
Nos anos dourados do Samba do Avião
Na Estrada do Sol acabou morto.

Em nova Iorque não voa o Jereba
Em Manhattan não se vê Passarim
Em Nova Iorque não há mais Luiza
Em Manhattan não tem Tom pra mim

E porque tudo aqui hoje se transformou
A Garota de Ipanema não desfila sua graça
O Desafinado em meio ao arrastão calou
Então Tereza da Praia na areia se disfarça!

Por lá, a Insensatez se faz presente
São velhas guerras em novas trincheiras
Que nem mesmo no jardim do presidente,
É de Manhã e está Chovendo na Roseira

Em nova Iorque não voa o Jereba
Em Manhattan não se vê Passarim
Em Nova Iorque não há mais Luiza
Em Manhattan não tem Tom pra mim

Das Águas de Março antes tão belas
Verteu a dengue em Lígia e Luciana
Por nem sequer poupar a doce Gabriela
Convalescem em Copacabana!

E Andam Dizendo, não é brincadeira:
Que morrer lá pro maestro foi mero Engano
Ficar tão longe do Piano da Mangueira
E sem ouvir cantar a Sabiá por mais de um ano

Em nova Iorque não voa o Jereba
Em Manhattan não se vê Passarim
Em Nova Iorque não há mais Luiza
Em Manhattan não tem Tom pra mim


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Inspiração

A morte de Tom Jobim, em 8 de dezembro de 1994, em Nova Iorque, EUA, longe do seu amado Rio de Janeiro.

Sobre a obra

Narra a morte de Tom Jobim, distante do Brasil e de seu amado Rio de Janeiro, utilizando um jogo de palavras com os títulos de suas canções, bem como a citação que ele fez em uma entrevista à ave Jereba, popular Urubu, habitual frequentador dos céus da Cidade Maravilhosa.

Sobre o autor

Auditor, por profissão, e poeta nas horas vagas, por inspiração.

Autor(a): ROGERIO BENETTI COTRIM ()

APCEF/SP