Talentos

SE EU QUISESSE

Se para explicar aquilo a que palavras não chegam
Fosse preciso um ou dois toques nos ar
Um afago de ponta de dedo,
uma carícia perdida entre os cabelos
Falando de como para nós o tempo corre
Decorre
Escorre por entre ruas e avenidas erguidas sem esmero

Se para entender o que se passa do lado de dentro
Fosse preciso revirar esse músculo vívido,
oceano carmim de pulsos
E impulsos que se perdem enquanto se encontram
Talvez em busca de um sentido maior
Quem sabe tão grande quanto tudo aquilo
que não se pode dizer

Se para tentar fazer-te entender
ainda que a demonstração
Nunca pudesse ser mais contundente
do que o silêncio que se misturava
Ao pavor em meu olhar sempre que eu
acordava assustado no meio da noite
Criança madura que era
Ou jovem adulto infante
Levante de emoções imaturas
Nas trincheiras de uma guerra de dores e
cores e sons e inícios e finais
Naquelas horas quietas da madrugada
Quando meu corpo se aninhava no teu
e juntos nos fazíamos um só
Ligados por carícias e sons e desejos
e paixões de cimento e concreto

Se para me encontrar eu precisasse
me perder de mim mesmo
Chegar o mais longe de qualquer ponto
aonde poderia jamais imaginar
Se as noites de frio não trouxessem
o calor do teu corpo
Se os dias de enfado não buscassem
as aventuras de teus abraços
Se os verões não se repetissem
na pele aquecida por teus sentimentos
Se entre tantos ses os sins se transformassem em nãos,
Senãos, senões, serões
Vigílias fortuitas erguidas na força de um braço
Aquele que me envolvia, dava força e fazia maior

Se para tudo isso pudesse existir volta
Quem sabe a saudade pudesse me deixar
Quem sabe a luz voltasse a brilhar
Ou, mesmo, no desespero final, talvez eu seguisse adiante
Fraquejado, calejado, marejado, aleijado
Simplesmente arqueado
Ou prostrado
Mas feliz por saber que no próximo passo
enterrado na lama da dor
É tua presença meu mais forte motor
Em verso curto ou prosa ligeira
Falaria de ti, quem sabe
Para explicar aquilo a que palavras não chegam
Se eu quisesse falar de amor.

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Inspiração

O amor, sempre ele...

Sobre a obra

Poema de versos livres, sem preocupação rítmica nem formação clássica. Apenas sentimentos preenchendo linhas vazias com emoção, carinho e afeto.

Sobre o autor

Diego ou Ramon é desses tipos que diariamente desenvolvem seus talentos através da busca pelo autoconhecimento, numa jornada à procura da evolução pessoal. Atualmente é daqueles que gostam de juntar palavras em pequenos espaços em branco, se lançando à caça de fama e sucesso enquanto desenvolve a habilidade de falar sobre si na 3a pessoa.

Autor(a): DIEGO RAMON VALLE VITAL (d-i-e-g-o-v-i-t-a-l)

APCEF/SC