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Drama familiar
Drama familiar
Recentemente perdi minha irmã que foi vítima de câncer, ela faleceu em 03/06/2017, apenas 20 dias após o diagnóstico, deixou esposo e 2 filhos, já casados. Minha irmã tinha apenas 54 anos, professora da prefeitura de Curitiba, marido rico, dono de indústria, não faltavam recursos para viajar pelo mundo inteiro. Ela já estava aposentada e com os filhos casados, tinha tempo para dedicar aos nossos Pais idosos, levando-os em médicos, fazer exames, etc...
Depois da morte dela eu assumi a responsabilidade de cuidar de meus Pais, minha mãe que havia feito cirurgia do coração, colocando 2 pontes de safena, se recuperava bem, até ter um AVC que a deixou com paralisia parcial dos membros do lado direito, além de dificuldade de fala, ela estava 82 anos e meu pai na época com 84, tinha feito uma cirurgia para retirada de um tumor da cabeça em 2015 e estava totalmente recuperado, porém com problemas de pressão alta, próstata e circulação e problemas pra caminhar, com 70% da circulação de sangue das pernas comprometida.
Eu fiquei responsável por cuidar e levava minha mãe e meu pai ao médico, ao laboratório para fazer exames e tudo mais que eles precisavam, dando toda a assistência de que eles necessitavam.
Me irmão, com 58 de idade na época do ocorrido, 10 anos mais velho que eu, já aposentado, não se interessou em ajudar de maneira nenhuma nos cuidados com nossos Pais.
Quando minha mãe teve o último AVC em outubro/2017 ficou em estado vegetativo, ficou internada na UTI durante 10 dias e depois mais 20 dias num quarto do hospital, eu e meu Pai nos revezávamos acompanhando-a no hospital, meu irmão estava viajando pro nordeste, (sozinho, sem levar a família), só passava me mensagens de celular perguntando se ela tinha melhorado, pois queria vir comemorar o aniversário dele na casa dos nossos pais, então respondia com palavrões quando eu o informava que a mãe não estava melhorando, não dava uma palavra sequer de conforto ou de esperança pra nós!
Quando minha mãe faleceu em 11 de janeiro de 2018 meu Pai ficou muito mal, entrou em depressão, 7 meses após perder a filha, perdeu também a mulher com quem viveu 59 anos da sua vida! Eu queria que viesse morar comigo, mas como o meu apartamento era antigo e eu morava com minha esposa (desempregada) e minha filha mais nova de 3 anos, ele não quis aceitar minha proposta, justificando que perderia a privacidade, e não teria o mesmo conforto que tem no apartamento dele.
Eu ia todos os dias visitar meu pai, levava no médico, nos laboratórios fazer exames, levava em passeios, para praia conosco nas férias, no parque para andar de bicicleta que ele gosta tanto. Com o passar do tempo ele foi aceitando as perdas da filha e da esposa e estava melhorando a condição de saúde.
Eu morava a mais de 9 km do apartamento deles, e mesmo antes de minha mãe falecer eu já estava procurando um outro lugar para morar que fosse mais perto deles, para ficar mais rápida a chegada e poder dar uma melhor assistência que eles precisavam. Meu Pai já havia me falado que emprestaria o dinheiro que ele pudesse para eu comprar o imóvel, até eu vender o meu apartamento antigo.
Em março de 2018 encontrei um imóvel que me pareceu ideal, um sobrado de três quartos, um amplo ático e garagem para 3 carros, que teria o espaço suficiente para que meu Pai viesse morar conosco, assim ele não se sentiria tão sozinho e eu poderia cuidar melhor dele. Então ele me emprestou o dinheiro e eu financiei o restante na Caixa, dinheiro esse que devolveria assim que vendesse o meu apartamento antigo.
Meu pai gostou também do imóvel e me disse que emprestaria o dinheiro para que eu conseguisse comprar, mas não queria que eu contasse para o meu irmão, pois já sabia que daria encrenca. Eu acatei a decisão do meu pai e fiz o que ele pediu, pois estava já com um negócio engatilhado para vender meu apartamento, assim pagaria meu Pai rapidamente, mas infelizmente o não foi assim que aconteceu.
Quando meu irmão soube do empréstimo, ficou louco de inveja, ciúme e ganancia, começou a ameaçar e assediar meu Pai, obrigando-o a ir, arrastado ao banco, (pois caminhava com dificuldade) para transferisse todo o dinheiro que lhe restava na conta poupança para a conta dele! E foi isso que meu Pai fez para tentar ficar em paz, pensando que ele pararia com as ameaças e assédio. Como se isso não bastasse ele ainda me caluniou, dizendo que eu havia me aproveitado da fragilidade do meu Pai para dar o “golpe” lhe roubando o dinheiro, dizia que eu não iria devolver, um absurdo, pois meu Pai me emprestou o dinheiro, tendo como garantia real o meu apartamento!
O negócio que estava engatilhado da venda do meu apartamento não deu certo e com a crise no mercado imobiliário eu tive que baixar muito o preço para vender o mais rápido possível, para pagar a minha divida com meu Pai, apesar do meu prejuízo financeiro, nada paga a saúde do meu Pai.
Hoje, graças a Deus meu Pai está melhor, ainda tomando remédios antidepressivo, além dos outros para pressão, etc, mas ele, aos 86 recuperou a vontade de viver, apesar de ter passado por toda essa decepção com o filho mais velho.
Esse é o nosso drama, fico muito triste em saber que tenho um inimigo dentro da minha própria família, meu próprio irmão, além de não ajudar a cuidar do nosso pai, pelo contrário, é uma pessoa maldosa, que só tem sentimentos ruins como inveja, ciúmes, egoísmo, ganancia e ainda por cima é um caluniador. No momento em que precisaríamos estar unidos para cuidar do nosso Pai, que passou por toda essa tragédia da perda da filha e da esposa, ele não teve nenhuma compaixão, pensando só nele próprio e só no dinheiro, é muita decepção!
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Inspiração
É um desabafo do drama familiar que eu e meu pai estamos vivemos nos últimos 2 anos.
Sobre a obra
Foi um relato em formato de desabafo, pois não consigo mais manter esse drama só para mim.
Sobre o autor
Cronista aprendiz.
Autor(a): MARCIO AROLDO LIPAROTTI DEFLON (Marcio Deflon)
APCEF/PR