poesia caipira

POESIA CAIPIRA

Minhas cumadi cumpanheiras,
Escuita o que eu vô falá,
Principarmente as que pretende,
Um par de carça arrumá!

Festa junina é com certeza,
Uma grande ocasião,
De se arranjá um parceiro,
E sair da “sequidão”!

Prás sorterona um conseio:
Capriche naquele vistido,
Que essa vai sê sua chance,
De arrumá um marido!

Quem sabe se não é dessa veis,
De ocê sair do caritó,
Que vai tê aúfa de moço formoso,
Mais tamém muito arigó!

Ocê vai tê que começá,
Tirando da borsa a jararaca,
Dê um jeito nas parença,
Deixe sê mão de v

Veja como um invistimento,
Como um fato quais concreto,
É hora de ir pro salão,
Fazê um silviço compreto!

Faça as zuinha das mãozinha,
Num se esqueça de esmartá,
Módi que os cavaiero,
Nelas vão querê pegá!

As rachadura do carcanhá,
Vai precisá de atenção,
Penso inté vai se priciso,
Picareta e enxadão!

Nas zuinha tamém vai carecê,
De passá um esmartinho,
Pra módi ocê ficá,
Com os pé bem bunitinho!

Dê um jeito no cabelo,
Que tá sempre ensebado,
Óia que não vão te reconhecê,
Com ele todo escovado!

Passe aquele batonzinho,
Mas num dê muita risada,
Prá módi os matuto num vê,
Sua boca desdentada!

No sovaco e nas perna,
Convém de dá uma depilada,
Módi o cumpadi num pensá,
Que tá diante da “muié barbada”!

Na se esqueça tamém,
De a virilha depilá,
Módi que nunca se sabe,
Onde vão querê “aparpá”!

Fique esperta se matuto,
Prá traz da cunzinha quisé te levá,
Módi fugi do baruio,
Proceis podê “proseá”!

Sai fora minha cumadi,
Que esse cabra é safado,
Módi que cum essa conversa,
Ele tá mal intencionado!

Nóis sabe que a carne é fraca,
E numa prosa de pé do ouvido,
Fica difícil de arresistir,
Sem estremecer dentro do vestido!

Inté pruquê tem por aí umas matutas,
Cuja “secura” anda tamanha,
Que o matuto vai quais a noite toda,
Só removendo teia de aranha!

Por isso não nunca se isqueça,
De uma certa pruvidença tomá,
Módi num se arrependê,
Do passo de ocê vai dá!

O povo chama de camisinha,
E eu chamo de palitózim,
Prá módi que ela serve,
Prá agasaiá o bingulim!

Carregue na sua borsa,
Pra módi se precavê,
Causo o matuto esperto,
Dela possa se esquecê!

Mas se por acauso ocês dois,
Sofrero de esquecimento,
Se aprepare cumadi,
Pra sofrê aburricimento!

A consequência cumpanhera,
Não é difíci de prevê:
É que durante nove meis,
O seu bucho vai crescê!

O matuto quase sempre,
Foge da responsabilidade,
Isso quando o vagabundo,
Não dá o pinote da cidade!

Mas causo o sujeitinho,
Num quisé casá cocê,
Escuita uma vingacinha,
Que ocê deve di fazê!

É só uma brincaderinha,
Pra módi ele aprendê:
Ocê fure os óvo dele,
Com agulha de crochê!

Num fique desesperada,
Nem tomada por aflição,
Pense que ocê vai ajudá,
A aumentá a população!

O risurtado dessa “prosa”,
Vai te exigir responsabilidade,
Mais tamém vai te trazê,
A aligria da maternidade!

Num importa as dificulidade,
Que ocê possa enfrentá,
Mas por essa criaturinha,
Ocê vai sempre aloitá!


Autora: Laudice da Silva Medeiros




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Inspiração

Gosto muito do linguajar caipira e de escrever utilizando este tipo de linguagem

Sobre a obra

há alguns anos criei a personagem comadre Zefinha, uma matuta que tem sempre uma sugestão ou conselho para dar.

Sobre o autor

sempre de gostei de criar trovinhas simples

Autor(a): LAUDICE DA SILVA MEDEIROS ()

APCEF/MS

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