A quentura do sol e a terra seca,

e o homem do sertão,

continua na mesma peleja,

de voz rouca e fala ríspida,

vida severina!


E a chuva que não vem,

para deixar a terra molhada.

Os campos verdejantes,

e o sertanejo apaixonado,

São Pedro, apressa teu cajado!


E o sertanejo é homem forte,

é cabra macho,

ceifa a terra, semeia e espera,

a terra árida,

até chegar a dádiva.


E não se cansa todo dia,

ver o sol raiar,

e o findar do dia,

com a cabaça na cintura,

e uma faca na braguilha.


A vida é sofrida,

com peleja todo dia.

E o sertanejo olha pro céu,

com a fé de cada dia,

tanta chuva bom seria.


E a chuva que não vinha,

agora chegou,

molhou, brotou e germinou.

o sertanejo comemorou,

ai, meu santo, a prece escutou!


E na roça vem fartura,

que antes era agrura,

decepção e amargura,

agora, chove todo dia,

pinga, pinga, pinga,

no chão é de alegria.


E o sol volta e irradia,

sempre na mesma energia,

trazendo mais vida,

as aves assoviam,

e na roça continua alegria.


Acabou agonia,

a espera de todo dia,

as orações para São Pedro,

foram atendidas,

a vida Severina se esvaía.


No rosto um sorriso,

de um homem agradecido,

que do céu espera um rio,

e não é exagero,

sertanejo é cabra envaidecido.


E após a colheita,

a semeadura que deu fruto,

depois de muita labuta,

o paiol está cheio,

tem envergadura.


Os pássaros que cantam, sem parar,

no orvalho do dia,

com o sertanejo a prosear,

a colheita tá chegando,

para a roça alegrar.


E a felicidade sertaneja,

que agradece pelo pão,

e não se esquece da prece,

que fez lá no sertão,

ai, São Pedro, que emoção!