A CIGARRA E O POETA
Autor/Intérprete
Dimas Deptulski

Não sou poeta como deveria
Eu não sou a seta
Sou apenas a sangria
Vermelha e concreta
Oca e vazia
Poesia é a criação
Eu sou apenas a cria
A noite vai embora
Quando chega o dia
E a saudade só flora
Quando o peito esvazia
Se o coração chora
Viola faz companhia
Se um amor vai embora
Vira poesia
Ai morena, quando eu canto
Sou que nem um passarrim
A saudade dói um tanto
Sinto até pena de mim
Eu canto a noite
Canto o dia
Canto a aurora
E o entardecer
Sou cigarra com saudade
Vou cantando até morrer
Sou como o sabiá
Compondo sua melodia
A cantiga vem à noite
Quando a lua alumia
E o coração faz canção
Sem saber que fazia
E antes que o dia amanheça
Já tem cantoria
Meu canto
É um grito na noite
Vagando na luz da lua
Paixão deixa saudade
Depois que brinca e voa
A saudade é só um encanto
Pra enganar a solidão
Nasce rima, corre pranto
Vive dor, morre canção
Ai morena, quando eu canto
Sou que nem um passarrim
A saudade dói um tanto
Sinto até pena de mim
Eu canto a noite
Canto o dia
Canto a aurora
E o entardecer
Sou cigarra com saudade
Vou cantando até morrer