Talentos

Teimando com a Vida...

O alicerce precisa ser bem feito
pra que a nossa estrutura não desabe.
O horizonte não pode ser estreito
pra que a fé no amanhã jamais acabe.
O destino às vezes nos golpeia,
pelos ringues da vida nocauteia,
se um Direto a gente até bloqueia
nossa guarda ele abre com um Jabe.

Sofrimentos e dores só Deus sabe,
só a Ele, portanto, eu peço ajuda.
Meu alforje - tão cheio - já não cabe
essa carga pesada, tão graúda.
Com o peso da carga às vezes tombo,
essa queda no peito abre um rombo,
o chicote da vida rasga o lombo
e a ferida não deixa que eu me iluda.

Entra ano, sai ano, nada muda
nesse curso do rio onde eu navego.
Em que pese essa vida tão sisuda
vou teimando com ela, não me entrego.
Quando algo de novo eu arrumo
a esperança me diz mantenha o prumo,
no momento que penso achei o rumo
piso em lodo de novo e escorrego.

Por não crer que o destino seja cego
não pretendo guiá-lo, mas fazê-lo.
No entanto nas rédeas quando pego
não consigo domá-lo nem contê-lo.
Como um potro selvagem se revolta,
quando tento prendê-lo ele se solta,
se quiser outra vez tê-lo de volta
vai pra Deus novamente o meu apelo.

O futuro tornou-se um pesadelo,
a incerteza de mim já se apodera.
Há fantasmas de prata em meu cabelo,
espantando os meus sonhos, a quimera.
Quando a corda estica que arrebenta,
a estrutura balança, não aguenta,
quem subiu de degraus mais de sessenta
sabe bem o conflito que isso gera.

A sandália do tempo, essa megera,
vai me abrindo veredas pelo rosto.
Se o sol do amanhã gritar já era
o eclipse do medo é o preposto.
O caminho se torna obscuro,
é incerta a estrada do futuro,
apesar disso tudo a mim eu juro
só desisto depois do meu sol posto!

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Inspiração

Alguns momentos difíceis vividos e a teimosia em seguir adiante motivaram escrever o poema.

Sobre a obra

Estrofes de oito versos decassilábicos com tonicidade na terceira, sexta e décima sílabas. São rimas com a combinação: ABABCCCB.
O primeiro verso de cada estrofe rima obrigatoriamente com o último verso da estrofe anterior.

Sobre o autor

Cearense, nascido na fazenda Alto da Pedra, Quixadá/CE, no dia 25 de Agosto de 1958, aposentado da Caixa.
Filho de Maria Zuleida e Pio Nogueira de Queiroz, casado com Vera Queiroz, pai de Iara Maria e Pedro Henrique.

Autor(a): JOSE ORLANDO AYRES DE QUEIROZ (José Orlando Ayres de Queiroz)

APCEF/CE