A MENINA E A BONECA

Menina sem nome
com frio e com fome
não tem nenhuma ilusão.
As esperanças se foram
sua mãe pelo “bom moço” foi levada
e não mais voltou.
Ela carrega no braço uma linda criança
que é outra infância
que a vida lhe deu.
Os dias são incertos
Tudo que lhe resta
é entregar-se depressa
a quem lhe possa com alguns minguados centavos
de alguma maneira lhe recompensar.
Precisa ganhar, para comprar o que puder
muitas vezes o que consegue
não dá sequer para o leite e o pão
Menina de rua, não tem recursos, não tem dinheiro
a vida é um constante pesadelo
Menina sem rosto, tão jovem
e já vive o desgosto
de não mais poder brincar.
A sua boneca é viva, é sapeca
que trabalho que dá!
Menina sem nome
que mora sozinha
sem pai, sem irmãos
uma filha já tem.
Enfrenta a cada dia o desafio
no calor e no frio,
buscando o seu sustento
um abrigo, um alimento.
Triste realidade
Caminha pela cidade
sem teto, sem chão
São dois anjos sem asas
sempre a espera de compaixão,
de alguém que estenda a sua mão.
mas, o problema é premente
pois, quase nunca tem gente
que venha ajudar
A menina não pode livrar-se da sina
Ela é mãe criança
Ela é mãe menina
Tudo que queria era reviver a sua infância
e no meio da sua agonia
rola no chão em um momento da mais tenra alegria
ao brincar, inocentemente, sorrindo,
e se divertindo em um momento único,
compartilhado somente com ela
com a sua boneca
com a sua Maria