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Como Dois Patinhos
Pato, sujeito ave!
Vive em lagoa, terra e ar
Se nos outubros gente fosse,
Pato teria que votar
Anda torto, voa pouco
Se pressionado esconde o peito
Até o cantar é meio rouco
Amigo, o que pato faz direito?
Nestes versos tão ligeiros
Seguem palavras soltas a rimar
Pois novo tipo, sorrateiro,
De pato quero apresentar
Pato, sujeito homem!
-dito por mera definição -
De escrúpulos falhos que somem
A cada discurso em exortação
Toda atitude é um afronte
E cada “sim” esconde um “não”
Em gesto faz como fez Caronte:
Cobra moeda, o capitão
De hombridade um quê lhe falta
Também de honra um quê não há
Pois se humildade lhe sobrasse,
Talvez pato aprendesse a voar
Batendo as asas - piedade!
Pato pensa ser gavião
Julga estar acima da verdade
E mesmo ser dono da Nação
Mentiras contadas em linha reta
Combatem cartas de democracia
A todo o povo pato afeta
Enquanto disfarça a tirania
Da dureza em sua essência
E a inflexão de todo ser
Que para pato bate continência
Saciando a sede de poder
Mas sempre existe a esperança
De um novo caminho a construir
Devolvendo, pois, toda bonança
Aos incertos dias do porvir
Pato não se cria sozinho!
Vive num mundo seletivo
Se pato pequeno é patinho
Sempre existe um coletivo
De boi, é a boiada
De ajuda, o mutirão
De pato, a pataquada
Também chamada “coligação”
Pato, sujeito composto!
De todos nós também é feito
Porque se pato ganha voto
Pato acaba sendo eleito
Pato desfila na alfombra
Refém de pura adulação
Duvida até da própria sombra
Como se fosse assombração
Seu grasnido vira urro
Quando, enfim, quer assustar
Quem pato toma por burro
- o animal que não sabe pensar
De tudo que se diz agora
Tanta inverdade nunca se viu
Passada vai longe a hora
De ser a Pátria amada mãe gentil
Pondo à mesa dignidade,
Cultura, paz, educação
Saúde em dia e liberdade
Para o futuro em formação
Quatro anos é eternidade,
Mas esperança há de brilhar
Porque todo pato um dia vai – tarde! –
Como este poema a terminar
Antes, porém, do fim premente
Deixo em verso simples lição:
O voto certo e consciente
Traz a força da convicção
Pois certeza faz no peito abrigo
Tal qual vitória ao toque da mão:
Onde nasce silêncio, cresce perigo
Como dois patinhos na eleição
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Inspiração
Eu queria falar sobre pato. Acabei falado de política.
Sobre a obra
Poema composto por 20 estrofes de 4 versos, com rimas simples alternadas. A obra procura brincar com a sonoridade das palavras, dando ritmo à intensidade da mensagem que é passada. É uma séria brincadeira feita no intuito de entreter e promover a reflexão sobre a importância da presença de cada um na defesa de seus maiores direitos.
Sobre o autor
Diego - ou Ramon - é um contador de histórias de final de semana que segue tentando desenvolver a habilidade de falar de si na terceira pessoa. Autor dos livros de contos Prazeres, Atemporal e Zumbido de Mosquito e do romance Diário do Lobo Solitário, em 2021 foi 1º colocado em Contos & Crônicas e 3º em Poesia na etapa nacional do Talentos Fenae.
Autor(a): DIEGO RAMON VALLE VITAL (Diego Vital)
APCEF/SC